Abuso sexual no Metrô leva 10 pessoas por mês à prisão
Número se refere ao primeiro semestre deste ano, quando o volume de denúcias cresceu
São Paulo|Ana Ignacio, do R7
Há pouco mais de dois anos, a discussão sobre assédio no metrô começou a ganhar espaço. Após registros de casos, denúncias sobre a existência de grupos de encoxadores nos trens e uma polêmica propaganda dizendo que o metrô lotado eram um bom ambiente para paquerar, a companhia foi pressionada e começou a exibir, no mesmo ano, cartazes dizendo que abuso sexual é crime. No ano seguinte, iniciou a campanha #VocêNãoEstáSozinha para incentivar as denúncias e avisar às vítimas que há agentes treinados para agir nesses casos.
O resultado foi um aumento no número de registros do tipo de 2013 para cá. Em 2015 foram 143 boletins de ocorrência de abuso, com 126 prisões, e entre janeiro e julho de 2016 os casos chegaram a 82 — com 71 prisões. Em média, foram registrados formalmente quase 12 casos de assédio por mês nas linhas do metrô. Segundo Rubens Menezes, chefe do departamento de segurança do Metrô, o aumento de registros era algo esperado.
— Sabemos que o número de registros tende a subir, mas quanto mais registro melhor. Significa que estão acreditando que podemos resolver e fazer alguma coisa porque muita gente não registra porque diz que não vai dar em nada e só vai perder tempo.
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Para Nana Soares, co-criadora da campanha contra assédio, além de criar esse hábito de denunciar, para que esse tipo de prática deixe de acontecer é necessária uma mudança maior.
— Está melhor do que estava antes, bem mais gente está ciente e consciente de que o problema existe e que é preciso agir. É um avanço, mas corre o risco de se perder com o tempo enquanto isso não for uma diretriz, enquanto não virar uma política pública.
Além disso, ela alerta que não é um problema específico do metrô e sim dos meios de transporte como um todo.
— A política pública é importante porque o metrô é só um dos sistemas de transporte e esse tipo de abuso não acontece só no transporte público. Não acho que a saída é prisão, mas temos que encontrar maneiras de coibir, mostrar tolerância zero.
O Metrô informa que há funcionários treinados para lidar com esse tipo de caso e que além do SMS denúncia (9 7333-2252), casos de abuso (e outros crimes) podem ser denunciados a qualquer funcionário da companhia.
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