Dois funcionários da Odebrecht — empreiteira responsável pela construção da Arena Corinthians — prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira (3). Segundo o delegado Luiz Antônio da Cruz, eles negaram que houvesse problemas no solo onde operava o guindaste que causou o acidente que matou dois operários.
O engenheiro civil Ricardo Corregio, gerente administrativo e comercial do projeto do estádio e presidente da Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) garantiu ao delegado que todos os procedimentos de segurança foram feitos.
— Ele explicou que antes desse içamento é feito um plano de rigging [de movimentação de carga com guindaste móvel]. Esse plano detalha todos os procedimentos da operação de içamento, como isolar a área, ver se está chovendo, se está ventando, se o solo está bom... Isso é feito pela Odebrecht. Só que a Locar [locadora do guindaste] valida ou não isso. Ela tem o poder de dizer sim ou não, para ela poder levantar a peça através do guindaste.
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Corregio também afirmou, em depoimento, que as 37 operações do mesmo tipo feitas antes — o acidente aconteceu na colocação última peça — foram feitas sem qualquer tipo de incidente.
O outro funcionário ouvido foi um encarregado de montagem, envolvido no plano de rigging também. Valter Luís Pedroso trabalhou em içamento junto com o funcionário que operava o guindaste no dia do acidente, José Walter Joaquim.
— Ele [Pedroso] esteve envolvido nessa parte de atividade de içamento da Odebrecht em quase 60% delas. Ele esteve presente com a parte de montagem das peças e acompanhou, inclusive, o trabalho do José Walter e nunca viu nenhum problema no que diz respeito ao José Walter.
Um dos depoimentos que podem ser mais esclarecedores para a polícia é do operador José Walter Joaquim. Segundo Cruz, a polícia já marcou a data em que ele deverá comparecer à delegacia, mas ela não será divulgada. O funcionário já foi intimado.
Os peritos analisam o data logger — um disco rígido que armazena as informações sobre as operações do guindaste. O aparelho, que funciona como uma espécie de caixa-preta, foi retirado por funcionários da fabricante, a alemã Liebherr, e de peritos do Instituto de Criminalística. Segundo o delegado, o guindaste será levado para o pátio da empresa, em Guaratinguetá, no interior do Estado.
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