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Acusação abre último dia do julgamento dos policiais do Carandiru

Quinto dia terá debates entre promotores e a advogada de defesa antes da sentença

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Último dia do segundo julgamento terá debates entre acusação e defesa
Último dia do segundo julgamento terá debates entre acusação e defesa

O quinto e último dia do segundo julgamento do massacre do Carandiru começou por volta das 10h30 desta sexta-feira (2) no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O dia será dedicado aos debates entre acusação e defesa, com a expectativa de um veredicto entre a noite e a madrugada de sábado (3).

Os promotores Fernando Pereira e Eduardo Canto serão os primeiros a falar, com explanação prevista para durar três horas.

Em seguida haverá uma pausa e na retomada dos trabalhos será a vez da advogada de defesa dos 25 policiais militares acusados pelas mortes de 73 detentos no terceiro pavimento (2º andar), Ieda Ribeiro de Souza.

Os promotores terão direito a uma réplica, de no máximo duas horas, o que então dará direito à defensoria o direito a uma tréplica, de também duas horas.


Ao fim dos debates, os jurados irão se retirar para uma sala, onde definirão se os réus são culpados ou inocentes.

Por fim, a decisão e as penas, em caso de condenação, serão proferidas pelo juiz Rodrigo Tellini Camargo.


Primeiro dia

O primeiro dia de julgamento foi marcado pela dispensa de sete das oito testemunhas da acusação. Apenas o perito criminal Osvaldo Negrini foi interrogado. Ele disse ter visto um “mar de cadáveres” e presenciado um “rio de sangue” ao chegar à Casa de Detenção no dia 2 de outubro de 1992. O depoimento de Negrini começou por volta das 14h10 e terminou pouco depois das 16h30.


Segundo dia

No segundo dia do júri, foram ouviram no plenário, o ex-secretário de Segurança Pedro Franco de Campos e o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. Além deles, mais duas testemunhas protegidas prestaram depoimento.

A defesa ainda exibiu dois vídeos com depoimentos dos desembargadores Luiz San Juan França e Ivo de Almeida. França era juiz da Vara das Execuções Criminais da Capital em 1992. Já Almeida era corregedor dos Presídios da Capital na época.

Terceiro dia

O terceiro dia do júri começou com atraso, por volta das 11h50 da quarta-feira (31) — estava previsto para começar às 9h — e terminou às 2h30 da madrugada desta quinta-feira, depois de 15 horas de julgamento. Para este dia, foi programado o interrogatório dos 26 réus.

Em uma estratégia da defesa, a maioria optou pelo direito de ficar em silêncio. Só quatro oficiais responderam às perguntas. O último a ser ouvido, de madrugada, foi o tenente Edson Pereira Campos, que era soldado na ocasião dos fatos.

Quarto dia

Na quinta-feira (1º), o ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Salvador Modesto Madia foi interrogado por mais de seis horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Ele negou as 73 mortes da qual ele e os outros policiais militares são acusados. Durante o interrogatório, ele pediu nomes das vítimas. Após o término, foram exibidos dois vídeos de cerca de 40 minutos cada, um produzido pela defesa dos réus e outro pelo Ministério Público.

Relembre o caso

O massacre do Carandiru começou após uma discussão entre dois presos dar início a uma rebelião no Pavilhão 9. Com a confusão, a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, foi chamada para conter a revolta.

Ao todo, 286 policiais militares entraram no complexo penitenciário do Carandiru para conter a rebelião em 1992, desses 84 foram acusados de homicídio.

Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no segundo pavimento do pavilhão nove no massacre do Carandiru. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela ocasião, seis homens e uma mulher formaram o Conselho de Sentença.

Dos 26 policiais, 23 foram condenados a 156 anos de prisão, inicialmente, em regime fechado. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos. Os condenados poderão recorrer em liberdade. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.

Antes deles, Ubiratan Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e absolvida.

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