Preso em Abu Dhabi, Thiago Brennand Fernandes Vieira, de 42 anos, estava foragido da Justiça de São Paulo e é acusado de lesão corporal, tentativa de feminicídio e corrupção de menores. O empresário e herdeiro é investigado também por suspeita de ofensas, injúrias, stalking (perseguição online) e crimes sexuais que envolvem pelo menos 16 vítimas.
As denúncias vieram à tona após ele ser flagrado por câmeras de segurança agredindo a modelo Helena Gomes em uma academia de luxo de São Paulo no início de agosto. Ele empurrou com força e puxou a vítima pelos cabelos. Na ocasião, ele também teria incitado o filho a ofender a jovem, por isso responde por corrupção de menores.
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Dono de uma herança milionária, ostenta uma vida de luxo. É professor e faixa-preta no jiu-jítsu e gosta de exibir a coleção de armas. Em uma postagem nas redes sociais, escreveu: "Todo homem tem o guarda-roupa que merece", ao lado de uma foto de seu arsenal.
Thiago não teria uma boa relação com a família e, certa vez, enviou um caixão para a casa de um primo que estava com câncer.
Processos na Justiça
O nome de Thiago aparece em processos judiciais e em pelo menos 20 boletins de ocorrência. Um deles foi aberto por um técnico em enfermagem, que prefere não ser identificado, que atendeu o empresário pouco antes de ele fazer um exame. Ele foi agredido quando pediu ao paciente que guardasse o celular.
"Ele veio me dar um soco, aí ele acertou só o ombro. Ele faz o que ele quer, aí desmente o que ele fez, e a Justiça passa a mão na cabeça dele, nada acontece", contou o enfermeiro.
O medalhista de hipismo Doda Miranda entrou na Justiça contra Thiago Brennand. Segundo o advogado da vítima, eles já se conheciam do Clube Hípico, e houve uma discussão. Um áudio foi enviado pelo empresário ao atleta: "Estou vestindo a roupa e vou bater na sua cara. Agora!".
Após o episódio, o advogado de Doda pediu uma medida protetiva que impede Thiago de se aproximar dele.
Crimes sexuais
Brennand também é acusado de assédio sexual, estupro, cárcere privado, agressões e ameaças. Em um dos casos, a mulher o denunciou por mantê-la em cárcere e ser obrigada a tatuar as letras TFV, iniciais do nome do empresário.
As mulheres teriam sido atraídas pessoalmente ou por redes sociais e levadas para a mansão do empresário em um condomínio de luxo em Porto Feliz, interior de São Paulo, onde os crimes teriam acontecido.
"Ele deixava claro que marcava as vítimas como forma de registrar que eram sua propriedade. Além dessa, houve mais dois casos (de tatuagem), que ainda dependem da investigação. O fato é que são crimes bárbaros e elas vão mostrar conversas no celular sobre vídeos que ele teria feito e prometia divulgar para destruir a reputação delas, além de ameaças, humilhações. É um material farto e incriminador", disse, na ocasião, o advogado Márcio Cezar Janjacomo, que assiste as vítimas.
Ainda segundo o advogado, as vítimas são jovens mulheres que conheceram Brennand em eventos sociais ou redes sociais: "Nem todas são do nível econômico e do meio social dele. Algumas moças ele conheceu em bares e baladas. Como no início ele era gentil e cordial, muitas ficaram iludidas, achando que tinham encontrado o príncipe encantado".
Arsenal
A Polícia Civil apreendeu 54 acessórios de armas de fogo do empresário. O material foi encontrado no Centro Equestre da Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, onde o empresário morava antes de sair do país.
O 15° Distrito Policial, responsável pelas investigações, recebeu a informação de que o homem teria escondido inúmeros acessórios, armas, munições e outros objetos ilegais no imóvel em que vivia.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido no condomínio. As equipes encontraram uma mala fechada com cadeado com os acessórios de armas, aparentemente ilegais. Lunetas de longo alcance e mira a laser estão entre os itens apreendidos para perícia.
Prisão
A Polícia Federal, representante da Interpol no Brasil, em conjunto com as autoridades da polícia dos Emirados Árabes, conseguiu localizar e prender Brennand na quinta-feira (13) em Dubai.
A prisão preventiva foi decretada em 27 de setembro, pela 6ª Vara Criminal do Foro Central da Barra Funda, na zona oeste da capital, após ele não ter retornado ao país para cumprir as condições impostas pela Justiça.
O empresário permanece em Dubai para aguardar os trâmites relativos ao processo de extradição para o Brasil.