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Após ironizar estudante que perdeu visão com bomba, coronel é afastado de manifestações

Policiais militares que atropelaram manifestante no centro também deixarão de atuar em atos

São Paulo|Caroline Apple, do R7

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Bombas lançadas pela PM durante ato no Largo da Batata
Bombas lançadas pela PM durante ato no Largo da Batata

O tenente-coronel Henrique Motta, que comandou a Polícia Militar nos últimos atos contrários ao presidente Michel Temer em São Paulo, foi afastado das operações em manifestações, afirmou nesta quinta-feira (8) o secretário de Estado da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho.

O anúncio foi feito após reunião convocada pelo Ministério Público Estadual que reuniu, além da Promotoria e da cúpula da Segurança Pública, integrantes da PM, membros de organizações que promoveram atos contra presidente, representantes da Defensoria Pública e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).


Na semana passada, Motta compartilhou, em sua página pessoal no Facebook, publicação que ironizava o fato de a estudante Deborah Fabri, e 19 anos, ter perdido visão após ser atingida por estilhados de uma bomba de gás lançada por policiais durante ato ocorrido no último dia 31.

O post compartilhado por Motta continha os dizeres “quem planta rabanete colhe rabanete” e a imagem de um tweet escrito pela jovem em 2015 em que ela dizia ser favorável a “qualquer ato de qualquer destruição em protesto de cunho político que tenha objetivos sólidos."


O secretário afirmou que a publicação foi feita pelo tenente-coronel como “pessoa física”. “O que ele fez não foi uma infração, mas para preservar o próprio oficial e a ordem pública, ele vai deixar de fazer o comando em manifestações”, disse Barbosa Filho.

“Eu não concordo com o comentário e garanto que não é uma posição institucional da PM”, afirmou.


PM atropela

Barbosa Filho afirmou ainda que também deixarão de atuar em manifestações os policiais envolvidos no atropelamento de um manifestante.


O atropelamento, ocorrido um dia após a estudante perder a visão após ser atingida por uma bomba, foi flagrado em um vídeo amador obtido pela TV Record na semana passada.

“Estamos apurando a conduta dos policiais”, disse o secretário.

Barbosa Filho disse que possíveis excessos, como o lançamento de bombas de gás no interior de estabelecimentos comerciais, também estão sendo investigados.

O secretário ainda justificou o fato de PM não ter conseguido, até o momento, empreender ações mais efetivas contra os grupos que praticam depredações. “Os policiais não conseguem ser pontuais na ação porque os infiltrados se misturam rapidamente aos manifestantes”, disse Barbosa Filho.

Largo da Batata

Apesar de o governador Geraldo Alckmin ter sugerido, em declaração à imprensa, que manifestação não deveriam ter como ponto final o Largo da Batata, o secretário afirmou que “não haverá proibição”.

No último domingo, a Polícia Militar foi criticada após lançar bombas de gás contra manifestantes para dispersar um integrantes de ato contra Temer que havia terminado no Largo da Batata. Após a ação da PM, formou-se um grande confusão nas redondezas e lixeiras foram depredadas. Um repórter da BBC foi agredido por policiais, que o chamaram de "lixo" após ele se identificar como jornalista.

Nesta quinta, Barbosa Filho disse que fará apenas uma recomendação aos grupos que organizam atos que não marquem mais manifestações no local. “Na Avenida Paulista, por exemplo, há várias formas de dispersão, enquanto o Largo da Batata conta apenas com uma estação de Metrô”, disse. “Mas, caso a manifestação ocorra no local, vamos organizar com o Metrô uma forma melhor de acesso à estação.”

Reunião com MP

Após a reunião na sede do Ministério Público, o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, afirmou que será criado um grupo de trabalho interinstitucional para acompanhar as manifestações.

O objetivo, segundo ele, é desenvolver protocolos e práticas, além de aperfeiçoar as ações entre todos os envolvidos. “A ideia é estabelecer procedimentos para melhorar o atendimento nos assuntos que se referem aos atos”, disse.

Ele evitou falar sobre casos específicos que ocorreram nos últimos atos, mas disse que todas as situações que chegaram ao conhecimento do Ministério Público estão em apuração.

O Ministério Público pretende entrar em contato, nesta sexta-feira (9), com os grupos participantes para levantar os nomes dos representantes de cada organização. Uma nova reunião deve definir tarefas.

O procurador também se comprometeu a incluir um representante dos jornalistas na próxima reunião, com intuito de colocar em pauta a questão da violência contra integrantes da imprensa.

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