Após protesto violento, governo anuncia força-tarefa para combater atos de vandalismo
Secretário classificou de “minoria irresponsável” grupo que lidera confusões durante protestos
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7
O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, anunciou nesta terça-feira (8) a instalação de uma força-tarefa formada por integrantes do Ministério Público e das polícias Civil e Militar para atuar no sentido de coibir atos de vandalismo durante protestos no Estado.
A medida é proposta um dia depois de integrantes do grupo Black Bloc se infiltrarem em uma manifestação, realizada na noite de segunda-feira (7), na capital paulista, em prol de melhorias na educação. O ato terminou em quebra-quebra.
— A força-tarefa que estamos anunciando visa a impedir que uma minoria de baderneiros atrapalhe o direito democrático de livre manifestação.
Segundo o secretário, o grupo de trabalho contará com promotores de Justiça com atuação criminal e da área da Infância e Juventude.
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Grella afirmou, ainda, que o objetivo da iniciativa é agilizar a identificação de suspeitos e a conclusão das investigações dos atos de vandalismo e de agressões, especialmente aquelas cometidas contra policiais.
— Queremos fazer uma via rápida para apurar como esses criminosos agem e assegurar que eles não fiquem impunes.
No mesmo tom, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, destacou a importância de o Ministério Público e as forças de segurança atuarem de forma articulada, promovendo não só “a rápida identificação dos autores”, como também um trabalho preventivo.
— Em um segundo momento, perante o poder Judiciário, o Ministério Público, a partir desse trabalho de investigação, adotará as medidas judiciais, que podem ir desde as prisões cautelares até o oferecimento de denúncia, identificando o crime que tenha sido praticado. Eventualmente, dano ao patrimônio público, incêndio, formação de quadrilha e, até mesmo, explosão. Ou seja, será desse trabalho de atuação mais articulada e próxima que o Estado de São Paulo, o Ministério Público, a Secretaria de Segurança serão capazes de dar uma resposta pronta a esses atos de vandalismo, que acabam colocando em xeque o direito coletivo de manifestações livres nas cidades.
Grupo monitorado
O secretário ressaltou que a dinâmica de atuação da força-tarefa será definida pelos seus integrantes. A primeira reunião de trabalho do grupo foi realizada nesta terça-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste.
— Já existe em andamento um trabalho de investigação, desde as primeiras manifestações. O que é preciso é reunir todos esses elementos e definir uma estratégia em conjunto, com os promotores, que são os titulares da ação penal, para saber se esses elementos são suficientes, que encaminhamento dar.
Questionado sobre qual material a respeito dos Black Blocs a polícia tinha para apresentar ao Ministério Público, Grella respondeu que havia vários inquéritos instaurados, relatórios de inteligência, fotos, filmagens e nomes de envolvidos.
Para Márcio Fernando Elias Rosa, os dados serão essenciais.
— A ideia é estabelecer uma estratégia que reúna todos os inquéritos policiais em andamento, todos os boletins de ocorrência que ainda pendem instauração de inquérito, compilar essas informações, cruzar esses dados, eventualmente, buscar parcerias como outros Ministérios Públicos para, a partir daí, saber como eles [pessoas envolvidas em atos de vandalismo] operam antes da prática do crime e como o crime é praticado.
O secretário falou ainda em intensificar as pesquisas nas redes sociais, "que hoje são o grande meio de comunicação desses grupos".