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Caso Pesseghini: Justiça decide na segunda-feira se aceita pedido para reabrir investigação de chacina 

Desembargadores julgarão recurso apresentado pela advogada da família de sargento da Rota

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Para Polícia Civil e MP, adolescente foi o autor das mortes do pai (foto), da mãe, da avó materna e da tia-avó
Para Polícia Civil e MP, adolescente foi o autor das mortes do pai (foto), da mãe, da avó materna e da tia-avó

Arquivado pelo Ministério Público em junho do ano passado, o caso Pesseghini pode ganhar novos desdobramentos. Nesta segunda-feira (23), está marcado, no Palácio da Justiça, no centro de São Paulo, o julgamento do recurso de apelação apresentado pela advogada contratada pelos pais do sargento da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Luis Marcelo Pesseghini, uma das vítimas da chacina na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. As mortes aconteceram no dia 5 de agosto de 2013, na casa onde a família morava.

No recurso, a advogada Roselle Soglio, que também é especialista em perícias criminais, pede que seja reconhecida a inocência de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, de 13 anos, apontado como autor dos homicídios. De acordo com a investigação da Polícia Civil, o menino usou a arma da mãe, que também era PM, para atirar nos pais, na avó materna e na tia-avó. Após os crimes, o garoto foi à escola dirigindo um dos carros da família e, ao voltar para casa, cometeu suicídio, conforme a versão apresentada pela polícia.

O primeiro recurso foi apresentado junto ao Tribunal do Júri, mas como Marcelo era menor de idade, a decisão ficou a cargo da Vara da Infância e da Juventude, que negou o pedido de reabertura do caso.

— Na verdade, estamos pedindo duas coisas: que seja reconhecida a inocência do Marcelo, demonstrando que ele não praticou os crimes imputados a ele. A segunda coisa que pedimos é uma nova investigação a fim de apurar a autoria da chacina.


Roselle considera que houve uma série de falhas na fase da apuração policial e é a partir disso que se baseia para sustentar a apelação. Entre os pontos destacados pela advogada está a posição em que o corpo do adolescente foi encontrado, o que, na avaliação dela, coloca em xeque a tese de suicídio.

— O Marcelo tinha umas manchas de sangue na palma da mão. Estão dizendo que ele atirou, praticou o suicídio. Jamais aquelas gotas de sangue se projetariam na parte interna da mão dele, que estava fechada, segundo a polícia, porque ele estava segurando a arma. Outro detalhe é que na face interna da mão, ele apresentava uma lesão de defesa, que a polícia deixou de apontar.


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Ela argumenta ainda que a principal testemunha do caso, a mesma que encontrou os corpos, mentiu em relação a um churrasco realizado pela família. No mesmo horário da reunião, Marcelo e os pais estavam em um shopping de São Paulo.

— É a única pessoa que fala que Marcelo sabia atirar.

A advogada faz ainda outra crítica: segundo afirma, as imagens que mostram Marcelo nas imediações da escola onde estudava após o crime não foram periciadas.

— Os vídeos em que aparece o Marcelo até hoje não foram para a perícia [...] A imagem é ruim. Quem pode dizer se teve um frame adulterado, se teve supressão, se era da mesma data? E não temos nem essa certeza. No mínimo essa nulidade nós temos.

Marcelo com a mãe, Andréia Bovo Pesseghini, cabo da PM
Marcelo com a mãe, Andréia Bovo Pesseghini, cabo da PM

Expectativa

Roselle Soglio revela ter uma expectativa positiva em relação ao julgamento do recurso.

— Ainda continuo confiando na Justiça. Continuo acreditando que os desembargadores podem mudar a história, mas essa certeza só teremos na segunda-feira.

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Na hipótese de não obter sucesso, ela pretende levar o caso para Brasília.

— De toda forma se não der certo, vou tomar uma atitude mais radical ainda. Vou pedir para que o caso seja federalizado. Vou pedir para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tome uma atitude na medida em que ele pode determinar, seja o Ministério Público, seja a Polícia Federal, que faça uma nova investigação. Mas isso é em casos extremos. Tenho que aguardar o trâmite normal.

Criança como outra

Roselle conta que nesta quarta-feira (18) conversou por telefone com a avó paterna de Marcelo e que ela reforçou que confia na inocência do neto.

— Ela falou uma coisa com muita propriedade. Disse que Marcelo era uma criança no sentido do termo mesmo. Ele não tinha essas ideias mirabolantes. E o fato de ele gostar de videogames e de ter pais policiais militares o levou a ser culpado.

Em agosto de 2014, ao ser questionada sobre as críticas da advogada Roselle Soglio sobre a investigação do caso, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo informou que o inquérito policial já havia sido relatado e que qualquer manifestação sobre o assunto caberia ao Poder Judiciário. 

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