Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Com clima de tensão após mortes, Fórum Trabalhista adota medidas de segurança

TRT-2 informou que rampas de acesso foram bloqueadas com madeira até solução definitiva

São Paulo|Dinalva Fernandes, do R7

Homem se jogou do último andar do prédio com o filho no colo na segunda-feira (29)
Homem se jogou do último andar do prédio com o filho no colo na segunda-feira (29) Homem se jogou do último andar do prédio com o filho no colo na segunda-feira (29)

Depois de dois dias com expediente suspenso, o Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, reabre nesta quarta-feira (31). O fechamento aconteceu após a morte de pai e filho, na segunda-feira (29). O homem de 33 anos, que estava desempregado, se jogou do último andar do prédio com o menino no colo. Diante de mais um caso trágico, funcionários relatam clima tenso e difícil no ambiente de trabalho.

Para um assistente jurídico que não quis ser identificado, é como se a cena de mais um suicídio fosse acontecer a qualquer momento. Ele já trabalhava no local quando outro homem se jogou, em março deste ano. Na época, os funcionários fizeram protesto por mais segurança no prédio.

— Você fica olhando para a área que é descoberta e pensa que podem se jogar dali. Eu não cheguei a ver, mas, na última vez [em março], o pessoal começou a gritar. A primeira coisa que eu pensei foi que iam se jogar. E ouvi o barulho.

Outro funcionário, que atua numa secretaria e também não quis revelar o nome, compartilha o sentimento do colega.

Publicidade

— Todo mundo fica imaginando se vai acontecer de novo na hora que você está passando e fica pensando no som [do impacto]. A gente aprendeu a reconhecer esse som. É muito difícil voltar no dia seguinte porque todo mundo fica arrasado.

Segundo os funcionários, houve reunião com o sindicato dos advogados e a administração do fórum para evitar novos casos. Ficou acordado que colocariam madeira para fechar a passagem nas rampas que ligam um bloco a outro — o que começou a ser feito há duas semanas. Enquanto isso, os acessos foram isolados com fitas azebradas, que não impediram que o pior acontecesse, informou o funcionário da secretaria.

Publicidade

— Com a fita, aumenta a responsabilidade do segurança porque ele teria que correr a tempo de impedir que alguém pulasse.

O assessor jurídico complementa.

Publicidade

— Não adiantou muito. [Quando alguém se aproximava] o segurança pedia para se afastar, mas não tem segurança em todos os andares. O homem [que se jogou com o filho] passou por baixo da fita.

Para funcionários, número de suicídios pode ser maior
Para funcionários, número de suicídios pode ser maior Para funcionários, número de suicídios pode ser maior

Clima de tensão

O R7 obteve os dados de suicídio registrados no Fórum Ruy Barbosa por meio da Lei de Acesso à Informação. De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), houve quatro casos nos últimos dez anos: agosto de 2007, agosto de 2014, maio de 2015 e março de 2016. Com o caso desta segunda-feira, o número sobe para cinco, totalizando seis mortes.

Para os funcionários do fórum, o número pode ser maior. Segundo o assessor jurídico, as ameaças de suicídio são frequentes.

— Contando com o garoto, teve uns seis ou oito casos nos últimos anos. No ano passado, foram dois, no começo e no fim do ano, mas não divulgam para não incentivar as pessoas. E tem bastante ameaça. Um mês e meio atrás, no fim de tarde de uma sexta-feira, teve uma ameaça, mas não tenho informações porque sempre evacuam o prédio.

Segundo ele, o último caso teve grande repercussão porque envolveu uma criança.

— A morte daquela criança acabou com o dia de todo mundo.

Em carta, homem que se jogou de prédio avisou que “saberiam da morte dele pela televisão”

Em busca de solução

Em nota, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho - 2ª Região) informou que o Fórum Ruy Barbosa atende todas as normas de segurança. No entanto, a fim de evitar novas ocorrências, os parapeitos de dentro do prédio foram fechados com madeira, em substituição às fitas azebradas.

Esse tipo de medida também está sendo adotada em outros fóruns, mas o Ruy Barbosa ganhou prioridade devido à repercussão do último caso.

“Para concluir os serviços de acesso aos parapeitos, adicionalmente, determinamos que todos os demais trabalhos de marcenaria em andamento nos fóruns e demais unidades, o que inclui, inclusive, a montagem de mobiliário, sejam suspensos e todo o efetivo deslocado exclusivamente para o Fórum Ruy Barbosa”.

Ainda de acordo com o TRT-2, a solução definitiva é a colocação de placas de vidros. Porém, o projeto pode demorar até um ano para ser concluído, pois necessita de licitação.

“Informamos, ainda, que a solução definitiva, aprovada pelo arquiteto Decio Tozzi, já consta em projeto detalhado com custo estimado de R$ 6 milhões, dependente de disponibilidade orçamentária e com prazo de execução, após licitado, de 12 meses”.

Os servidores e os magistrados do fórum se concentrarão às 8h e às 13h desta quarta-feira, em frente ao prédio, para cobrar novamente medidas imediatas da administração do TRT-2. Os funcionários exigem que o local permaneça fechado até que as medidas sejam implementadas, informou o Sintrajud (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo).

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.