Com Sistema Cantareira abaixo de 8,5%, volume morto começa a ser usado nesta quinta-feira
Entidades afirmam que medida não é suficiente para evitar falta de água
São Paulo|Do R7, com Estadão Conteúdo
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) começará a utilizar o chamado volume morto do Sistema Cantareira para abastecer parte da região metropolitana de São Paulo a partir desta quinta-feira (15). Para especialistas, a medida não é suficiente para evitar falta de água na região.
Segundo a companhia, a utilização do volume morto somada à previsão de que haverá até setembro o mínimo de chuvas dos últimos 80 anos permitirá abastecimento sem a necessidade de racionamento. O volume morto será usado até outubro, período de início das chuvas. A empresa ressalta que só haverá problemas caso não chova nada até outubro.
O governador Geraldo Alckmin informou que, se necessário, serão retirados até 180 milhões de metros cúbicos de água. Ele lembra que há ao menos 400 milhões de metros cúbicos debaixo da terra no local.
Ainda de acordo com a Sabesp, a empresa está tranquila com a situação porque 86% dos consumidores reduziram o uso de água. Além disso, 40% deles estão ganhando bônus em suas contas por terem reduzido o consumo acima de 20% da média de 12 meses.
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Os órgãos gestores do Sistema Cantareira estudam limitar a quantidade de água retirada das represas para abastecer cerca de 14 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas ao volume de chuva que cai nos reservatórios. A ideia é tentar evitar o colapso do Cantareira, mas isso pode comprometer o abastecimento nos próximos meses, que são tradicionalmente secos.
Na prática, se chover menos do que a média histórica do período em 15 dias, por exemplo, a proposta é diminuir proporcionalmente a vazão máxima de água que poderá ser retirada do sistema nos 15 dias seguintes. A proposta está sendo discutida entre a ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal, e o Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica), do governo paulista. Os dois órgãos devem definir as novas regras de retirada de água a partir de hoje.
Falta de água
O consórcio das bacias dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) informou na terça-feira (13) que cálculos apresentados pelo comitê anticrise que monitora a seca no Sistema Cantareira indicam que "não haverá disponibilidade hídrica suficiente para abastecer" a região de Campinas, no interior paulista, e a Grande São Paulo, "durante o pico da estiagem, entre os meses de agosto e setembro".
Em nota publicada em seu site, o consórcio afirma que a estimativa foi anunciada em reunião ocorrida na segunda-feira (12) pela ANA e pelo Daee. Segundo a entidade, nem o início de retirada de água do volume morto do Cantareira garantirá o abastecimento no inverno.
Caso o ritmo de queda do Sistema Cantareira continue igual à média dos últimos 30 dias, o volume útil do reservatório se esgotará no dia 30 de julho. O nível do Cantareira caiu pelo 24º dia seguido na quarta-feira (14) e chegou a 8,4%, informou a Sabesp. No dia anterior, havia 8,6% de água. Contudo, a velocidade de esgotamento pode ser maior, já que os meses de maio, junho e julho tendem a ser mais secos do que abril.
Desde o dia 13 de abril, o sistema perdeu 3,5% de água reservada. Um ano atrás, o reservatório contava com 61,2% de sua capacidade de armazenamento. Pelo menos 200 cidades paulistas, além da capital, estão com o abastecimento ameaçado em razão da estiagem prolongada no Estado. Apesar disso, apenas seis municípios adotaram oficialmente o racionamento.
Citando São Paulo, Dilma diz que é possível planejar para evitar falta de água