Defesa aponta ex-funcionário de empresa como suspeito de ter matado pai e madrasta de Gil Rugai
Segundo advogados do acusado, Luiz Carlos Rugai devia R$ 600 mil ao ex-empregado
São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7
No penúltimo dia de julgamento de Gil Rugai, a defesa apontou, em entrevista aos jornalistas, mais um suspeito de ter assassinado o casal Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, pai e madrasta do acusado, em março de 2004.
O advogado de Gil Rugai, Marcelo Feller, insinuou que um ex-funcionário da produtora Referência Filmes, de propriedade de Luiz Carlos Rugai, também deveria ter sido investigado. Ele seria o mesmo ex-empregado que informou à polícia ter havido uma briga entre Gil Rugai e o pai no dia 23 de março de 2004, cinco dias antes dos assassinatos. O defensor, porém, não apresentou provas que justificassem a suspeita.
Dívida trabalhista
De acordo com a defesa, a vítima teria uma dívida com o ex-empregado no valor de R$ 600 mil referentes a questões trabalhistas.
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O ex-funcionário, mesmo demitido, ainda prestava serviços para a produtora. De acordo com Feller, ele tinha a chave da mansão onde o casal foi morto, já que a empresa funcionava no local.
— Assim que se inicia a investigação, ele [ex-funcionário] mesmo diz: somente duas pessoas tinham a chave, eu e o Gil. Por que ele não foi investigado se também tinha a chave da casa?
Questionado por jornalistas, no encerramento da sessão desta quinta-feira (22), por que o ex-funcionário não foi convocado como testemunha para depor, o defensor informou que ele não teria sido encontrado.
— A defesa pensou em arrolar. Acontece que a gente tem um problema jurídico no Brasil, a parte que arrola precisa fornecer um endereço atualizado da testemunha.
O advogado ainda completou:
— O telefone que tem no processo já não atende mais.
O promotor Rogério Zagallo criticou a insinuação:
— Esta é a postura da defesa desde o início do julgamento; eles não estão preocupados em fazer a defesa de Gil Rugai, e sim arrumar pessoas para atacar.
Ele também disse que a acusação não convocou o ex-funcionário por só ter direito a cinco testemunhas.
— As testemunhas que nós elegemos as mais importantes foram as ouvidas.
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Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo, no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
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Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e está sendo julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.