A família do motorista Antônio Rodrigues de Oliveira, preso sexta-feira (19) sob suspeita de participação na morte do delegado Francisco de Assis Camargo Magano, reclama que não houve chance de defender o suspeito. Segundo Ahmad Lakis Neto, advogado de defesa do preso, há provas de que ele não participou da morte do delegado Francisco de Assis Camargo Magano, na noite do dia 13 deste mês.
O reconhecimento que a namorada do delegado morto fez e que proporcionou a prisão temporária do motorista também é objeto de discussão para o advogado:
— Eles pegaram quatro pessoas fortes, gordas de outras estaturas. E ele magrinho. A vítima falou que o assassino era magro e alto. Foi muito de má fé esse reconhecimento. Mas ele tem 1,68 m, é baixinho. Em situações assim tem que colocar pessoas semelhantes. Tem muita malandragem na parte jurídica. A delegacia principalmente.
Segundo conta Daniele Cristina Mesquita, de 22 anos, o marido é trabalhador, atencioso e cuida bem do filho, de três anos. Ela diz que não houve chance de se defender e mostrar que há provas de que ele não era um dos criminosos que mataram o delegado Magano. Ela conta como foi o momento da prisão.
— Estávamos saindo de casa. Quando chegamos ao nosso carro os policiais o abordaram, não falaram a razão de ele estar ser preso. Ele foi simplesmente jogado no chão e algemado, na frente do nosso filho de três anos. Eu acompanhei, porque a princípio era só uma averiguação. Isso ocorreu por volta do meio-dia [do dia 19]. Quando deu onze da noite (23h) eu fui “convidada” a acompanhar o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para ir a minha casa. Lá, eles vasculharam a minha casa e pagaram algumas roupas para serem usadas no reconhecimento. A vítima não o reconheceu, mas passou mal quando o viu. Aí, por isso, deixaram ele preso.
Daniele diz ter medo ligar a televisão e ver a imagem do marido, abalado e injustiçado.
— A minha família foi exposta em uma situação constrangedora. Expuseram a foto do meu marido sem eu saber. Não deram chance para a gente se defender. Só porque ele errou há cinco anos ele vai ser marcado pelo resto da vida? [Antônio já cumpriu pena por tráfico de drogas].
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Daniele também diz que a polícia não olhou as provas que ela tinha, como por exemplo a gravação de áudio no aplicativo Whatsapp. Ela conta que na gravação é possível ouvir o suspeito e o filho ao fundo, às 21h41, no sábado dia 13.
— Eu queria ter um direito de resposta e mostrar as provas que tenho. Eu tenho comprovantes das compras que fizemos no mercado, do dia em que fizemos um churrasco em casa [mesmo dia da morte de Magano]. Compramos carvão, carne e refrigerante. Tenho o horário nos comprovantes. Em função de eu estar doente, nós não estávamos saindo muito de casa. Aí eu pergunto: como ele pode estar em dois lugares diferente ao mesmo tempo?
Nesta terça-feira (23), o advogado Ahmad Lakis Neto entrou com um pedido de revogação da prisão temporária de Oliveira.
— A polícia ainda não pegou as imagens das câmeras de vídeo do local do crime. São cerca de 10 a 12 câmeras lá. Vamos pedir hoje para o juiz essas imagens. Elas mostrarão quem estava lá e assim comprovar a inocência do Antônio.
*Com informações do estagiário Gilmar Junior e do repórter André Caramante