Defesa de Mizael Bispo pede que prova seja anulada do processo
Pedido será analisado pelo conselho de sentença e o resultado deve sair ainda durante o júri
São Paulo|Ana Ignacio e Vanessa Beltrão, do R7
Após os advogados do réu Mizael Bispo dispensarem duas testemunhas de defesa, foi a vez do perito criminal Hélio Ramaccioti ser ouvido em plenário. Ele calculou o tempo e a distância de dois possíveis trechos percorridos pelo acusado no dia 23 de maio de 2010, data em que a advogada Mércia Nakashima desapareceu. Porém, durante seu testemunho, os defensores do policial militar reformado questionaram o laudo e pediram a nulidade da prova.
Pela denúncia oferecida pelo Ministério Público, o réu teria retornado da represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, onde o corpo e o veículo de Mércia foram encontrados, até o Hospital Geral de Guarulhos no carro do vigia Evandro Bezerra da Silva, também acusado de participação no crime. Silva irá a julgamento em julho deste ano.
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O delegado responsável pelas investigações do caso, Antônio de Olim, passou dois trajetos que o réu teria percorrido para serem medidos por Ramaccioti. No primeiro deles, Mizael teria se deslocado por um mata-burro, localizado nas proximidades da represa, depois por um bar, um entroncamento de rodovias até chegar a lateral do Hospital Geral de Guarulhos.
Em um segundo trajeto, o acusado não passou pelo bar. O grande questionamento da defesa leva em consideração o tempo percorrido nesses dois caminhos, com a mesma velocidade média de 39 km/h.
Segundo o advogado de Mizael, Ivon Ribeiro, o perito levou 7min e 30 s para percorrer 9 km e 400 m, correspondentes ao primeiro trajeto. Porém, quando foi fazer o segundo trecho, com 9 km e 200 m, o perito conseguiu realizar o deslocamento em 4 minutos e 10s, quase a metade do tempo para diferenças de distâncias muito pequenas.
— Tá errado o laudo. Pedi a nulidade. O juiz considerou, de qualquer forma, que não é ele competente para a analisar a validade ou não e que será submetido ao conselho de sentença.
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A defesa também questionou o fato de o perito ter usado o carro de polícia com a sirene ligada, o que afastaria os veículos da via e não retrataria a situação enfrentada pelo acusado. Além disso, os trajetos teriam sido percorridos pelo réu por volta das 21h, enquanto que a simulação dos trechos foi realizada no início da noite.
O pedido da defesa será analisado pelo Conselho de Sentença, que é composto pelos sete jurados. O resultado será divulgado ainda durante o julgamento. O laudo feito por Ramaccioti foi uma das últimas provas a serem anexadas ao processo.