Delegado diz ter sido ameaçado e afirma não ter “nenhuma dúvida” de que Rugai matou vítimas
Testemunha contou que restos de cápsulas de tiros eram da arma encontrada em prédio do réu
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
O delegado Rodolfo Chiareli, que investigou a morte de Luis Carlos Rugai e sua mulher, Alessandra de Fátima Trotino, disse que não tinha “nenhuma dúvida” de que foi Gil Rugai quem assassinou o casal em março de 2004. Durante depoimento, que acontece na tarde desta terça-feira (19) no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, ele afirmou ainda que sofreu ameaças quando começou a considerar o ex-seminarista como o principal suspeito.
— Ouvi cerca de cem pessoas e todos os elementos levaram ao Gil. Recebemos inúmeras denuncias anônimas, tudo foi checado e nada surgiu para desvirtuar do Gil.
Chiareli reforçou durante várias vezes que nenhum elemento apontou para qualquer outra linha de investigação. Segundo ele, durante o inquérito, ele, outro delegado, um vigia e uma testemunha receberam ameaças.
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Arma do crime
Durante seu depoimento, Chiareli afirmou também que os nove estojos (restos de projéteis) encontrados ao lado dos dois corpos na cena do crime são da arma que foi achada no prédio do escritório de publicidade de Gil Rugai. Esta arma foi encontrada no local cerca de um ano após o assassinato dentro de um coletor de águas pluviais localizada próximo ao elevador.
— Nós encontramos também um furo provocado por um disparo de arma de fogo em um baú que estava dentro do quarto de Gil. Isso foi um fato isolado. A décima cápsula não está inserida no contexto do homicídio.
O delegado relatou ainda que ouviu uma vendedora de quem Gil Rugai comprou um colder (estojo para guardar arma) na promoção. Segundo Chiareli, ela disse que chegou a oferecer ao réu duas opções de fabricantes e, ele escolheu o modelo que é compatível com a arma encontrada em seu escritório.
Após o crime, a última testemunha de defesa ouvida neste julgamento contou que o sócio da empresa de Gil Rugai desconfiou da atitude do parceiro de trabalho e foi em busca da arma, mas não a encontrou.
Ele ainda disse que outro delegado foi ate a casa da mãe de Gil Rugai em busca desta arma ou de alguma outra evidência, mas não encontrou nada.
— Dias depois, ela foi a delegacia levando uma caixa escrito “armas” em que havia dois simulacros. O sócio e um amigo de Gil, que conheciam a arma de Gil, disseram que nenhuma das duas apresentadas à polícia era a arma de Gil Rugai que eles conheciam.
Incêndio em guarita
Questionado sobre a tese da defesa de que uma pessoas em um carro do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) teria colocado fogo na guarita do vigia Domingos Ramos de Oliveira, que viu Gil Rugai sair da casa após o crime, Chiarelli negou veementemente e ainda disse que isso é um “total absurdo”.
— Esse fato [a queima da guarita] prejudicou inclusive o meu trabalho na época.
Em resposta as perguntas do promotor de Justiça, Rogério Zagallo, o delegado disse que jamais em sua carreira sofreu qualquer tipo de investigação pela corregedoria da polícia.
Outras testemunhas
Em seu depoimento, a última testemunha da acusação também reforçou que o vigia jamais foi “ameaçado” a dizer
que viu o ex-seminarista saindo da casa do pai após o crime. Segundo ele, esta testemunha sempre disse o que sabia com total convicção.
Chiareli ainda falou sobre o depoimento do instrutor de voo Alberto Bazaia, amigo de Luis Rugai. A testemunha disse à policia na época, e repetiu nesta terça-feira no júri, que Luis Carlos havia descoberto que Gil Rugai havia roubado sua empresa.
— Chamei o Bazaia para depor, porque vi na agenda particular do Luis que ele havia marcado “voo” em suas obrigações da semana. Chequei com a assistente dele na época e então chamei o instrutor para depor, sem ao menos saber o que ele poderia dizer.