DHPP apura se testemunha foi pressionada a incriminar criança morta por PM
Polícia Civil estuda ainda fazer reconstituição do tiroteio que terminou com a morte do garoto
São Paulo|Agência Estado e Agência Record
A delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse em entrevista na tarde desta sexta-feira (3), que irá investigar a versão apresentada por policiais militares para a morte da criança de dez anos que levou um tiro na cabeça enquanto fugia com um carro furtado na Vila Andrade, zona sul de São Paulo. A Polícia Civil estuda ainda fazer uma reconstituição do tiroteio que terminou com a morte do garoto.
O menino de 11 anos que participava da ação e sobreviveu prestou um novo depoimento nesta tarde. Em seu primeiro depoimento, tomado horas após a ocorrência, o garoto afirmou que seu colega havia feito disparos contra os policiais.
— A delegada responsável pelo inquérito vai apurar se houve pressão para direcionar esse depoimento. Também será oferecido proteção policial aos envolvidos.
A oferta vale para a mãe do menino sobrevivente, para ele e para a mãe da criança morta.
Mãe de menino morto acusa policiais de plantar arma
Ainda segundo Sato, o sobrevivente disse que o menino de dez anos, que dirigia o carro, abaixou o vidro para atirar contra os policiais e deu dois disparos.
Ainda segundo essa versão, depois disso, subiu o vidro novamente. O carro acabou batendo em um ônibus. Com o carro parado, os policiais se aproximaram e atiraram contra o motorista.
A delegada confirmou que os meninos foram perseguidos pela polícia após o furto do carro. E criticou o Conselho Tutelar.
— É a primeira vez que vi o Conselho Tutelar ser avisado pelo DHPP e não comparecer.
No boletim de ocorrência registrado sobre esse caso, os policiais declararam que uma conselheira foi chamada, mas alegou que sua presença não era necessária porque a mãe do menino já estava acompanhando a oitiva.
Segundo a polícia, o garoto que morreu já havia sido detido duas vezes, na companhia do colega sobrevivente, em ocorrências de furto na zona sul da cidade. Uma em janeiro e outra em abril. Os pais do rapaz também já tiveram passagens policiais, por furto, roubo e tráfico de entorpecentes. Mas nenhum deles tinha débitos com a Justiça.
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Segundo o DHPP, a arma usada pelo menino vitimado foi roubada em Jundiaí e estava com três balas intactas e três deflagradas. Ainda segundo o órgão, o menino de 11 anos contou que a vítima o ameaçou para ir com ele fazer o roubo. Após furtar o carro, o sobrevivente ficou no banco de trás do veículo.