“Ele falava que ia matar a família toda”, diz pai de crianças mortas em Ferraz
Brás Lopes de Souza disse que aconselhava a ex-mulher a se separar do principal suspeito
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7
Pai de duas das quatro crianças mortas em Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana de São Paulo, Brás Lopes de Souza disse na manhã desta quarta-feira (18), em entrevista ao R7, que Alex Quiñones Pedraza, namorado da sua ex-mulher, a enfermeira Dina Vieira da Silva, já havia feito ameaças de que mataria toda a família. Ele está preso e é o principal suspeito da morte de Dina e das crianças.
Pai de Karina Rosa da Silva Lopes, de 16 anos, e de Vitoria Cristina Vieira da Silva, de 7, Souza disse que falou com os filhos e com Dina há aproximadamente 40 dias. Todos reclamavam constantemente de Pedraza, que seria agressivo e violento. O atual namorado da enfermeira, que é boliviano, teria feito inclusive ameaças de morte contra ela e a família.
— O problema era o padrasto deles. Ele tumultuava a casa, era agressivo, bebia, enfim, uma bagunça. Ele falava que ia matar a família toda, sempre assim.
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Emocionado, o pai das crianças vive em Limeira, no interior paulista, para onde os filhos iam todo fim de ano, para passar as férias. Souza sempre cobrava da ex-mulher uma posição sobre o relacionamento conturbado com o namorado boliviano, e ouvia como respostas que ela “ia resolver” o assunto, embora nada acontecesse.
— Ela falava que ia resolver a situação e depois veria o que ia acontecer, mas parece que o rapaz não mostrava medo. Eu falava pra ela que o cara fala e ela não acredita. Eu dizia “não confio”, afinal eram os meus filhos na jogada. Infelizmente aconteceu essa tragédia.
Diante do convívio familiar, Souza acredita que Pedraza esteja envolvido na morte da ex e das quatro crianças (além das duas filhas dele, morreram Carlos Daniel da Silva Lopes, de 12 anos, e Caroline Laura da Silva Lopes, de 11). O boliviano foi preso na última terça-feira (18), horas após o crime, a pedido do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que investiga o caso.
O caso
Alex Quiñones Pedraza disse à polícia que, depois de passar o fim de semana com a namorada e os filhos dela em Ferraz de Vasconcelos e ir para São Paulo, ele não conseguiu mais contato com a companheira. Ele então resolveu voltar ao prédio. O apartamento, que fica no térreo, estava trancado.
Pela janela, o boliviano viu os corpos de duas crianças. Ele chamou o síndico e a porta foi arrombada. Vitória Cristina Vieira da Silva, de sete anos, estava no chão da sala. Caroline Laura da Silva Lopes, de 11 anos, estava no sofá. Carlos Daniel da Silva Lopes, de 12, estava na cama e Dina Vieira da Silva, de 42 anos, estava deitada em outra. A filha mais velha, Karina Rosa da Silva Lopes, de 16, foi encontrada no box do banheiro. Os corpos não tinham sinais de violência.
A perícia recolheu restos de um bolo, de uma sopa e de um suco, além de outros alimentos. A suspeita é que a família tenha sido envenenada, o que pode ter sido feito por uma das próprias vítimas ou por outra pessoa.
A mãe e os filhos tinham se mudado para o condomínio havia poucos dias. O namorado boliviano é pai de uma outra filha da auxiliar de enfermagem. A criança, de seis anos, mora com ele em São Paulo.
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