A irmã do adolescente preso pela morte do universitário Victor Deppman, de 19 anos, descobriu que o rapaz era o responsável pelo crime ao notar a semelhança dele com a pessoa que aparecia nas imagens das câmeras de segurança. Ela estranhou o fato de o irmão chegar em casa com um celular novo, em um intervalo de tempo próximo ao do latrocínio. Quando soube da participação do filho, a mãe do rapaz o obrigou a se entregar. "Foi ele quem fez e vai pagar por isso", disse à família.
Chorando, a mulher levou o filho até o Fórum da Infância e Juventude, no Brás, centro de São Paulo, na noite da quarta-feira (10). Evangélica, ela não entende as razões de o filho cometer o assassinato.
A irmã, que não quis se identificar, disse que a mãe "está acabada".
— Ele teve tudo o que a gente podia dar, a minha mãe se esforçou muito.
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Vizinhos de porta dizem que o rapaz ia desde pequeno às reuniões da igreja que a família frequenta e já chegou a fazer pregações na Cracolândia. A irmã afirma que ele passou pela Fundação Casa anteriormente e cumpriu medida socioeducativa, mas teve uma criação religiosa e foi bem orientado.
— Falaram que a minha família ia fugir, que ia para o Nordeste com o meu irmão. Não foi nada disso. A gente fez ele assumir a culpa, ele ficou revoltado e chateado.
Invasão
A família mora em uma viela da favela Nelson Cruz, no bairro do Belém, onde o cheiro de urina nos corredores estreitos é forte. Vivem em uma casa simples, de dois cômodos, que na última quarta-feira foi revistada pela Polícia Militar.
— Não está certo invadirem a minha casa como fizeram, dizendo que meu irmão é vagabundo, que é assassino. Eles queriam fazer a prisão aqui, mas não sabiam que ele já estava no fórum se entregando.
Ela diz que não foram encontradas drogas e armas em sua casa. A versão dada pelo adolescente para o crime foi a de que ele queria apenas o celular, mas se assustou quando ouviu o universitário dizer que era policial.
— Dá para ver nas imagens que ele já estava saindo, mas voltou. Ele me disse que o garoto gritou que era polícia e ele pensou que estava armado. Era ele ou o menino. Aí atirou. Eu, no lugar da família do menino que morreu, estaria revoltada. Mas não podem condenar a minha família. Quem fez isso foi o meu irmão e ele está pagando por isso. Se eu fosse a vítima, pobre e morando em um barraco, ninguém ia falar nada.