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Ex-viciados ajudam a convencer usuários de crack a se internar voluntariamente

ONG Missão Belém firmou convênio de R$ 4 milhões com governo do Estado

São Paulo|Daia Oliver e Márcia Francês, do R7

Karliane Nascimento Campos (direita) é ex-viciada. Há sete meses, ela foi para o projeto, se recuperou e hoje trabalhada na ONG
Karliane Nascimento Campos (direita) é ex-viciada. Há sete meses, ela foi para o projeto, se recuperou e hoje trabalhada na ONG Daia Oliver

Ex-viciados ajudam a convencer usuários de drogas a fazer o tratamento voluntariamente. Eles fazem parte da ONG (Organização Não-Governamental) Missão Belém que firmou convênio de R$ 4 milhões com o governo do Estado e desde o fim do ano passado faz um trabalho com os dependentes químicos.

Desde o dia 3 de dezembro, cerca de 50 agentes já conseguiram encaminhar 408 viciados da Cracolândia para serem tratados em uma das 113 casas da entidade. Destes, 168 decidiram continuar o tratamento.

Elias Dias é um dos coordenadores do projeto. Ele conta que abordagem como o morador em situação de rua é feito de forma lenta e diária.

— O convencimento pode levar 15 dias ou mais. Conversamos com eles sobre várias coisas: futebol, família. Muitos choram muito até se convencerem de que é possível fazer um tratamento e que tudo tem volta.


O coordenador que é ex-usuário e ex-traficante diz que muitos dos voluntários são ex-moradores de rua e ex-viciados. Por isso, conseguem falar a mesma "língua" dos viciados.

Programa de internação compulsória de dependentes químicos começa nesta segunda-feira em SP


Internação à força de viciados divide especialistas

Karliane Nascimento Campos, 20 anos, é uma das agentes da Missão Belém. Há sete meses, ela foi para o projeto, se recuperou e faz um mês que trabalha como agente.


— Voltei a viver com a minha família e tirei meus filhos do abrigo. Trabalhar com o pessoal da rua é tudo muito novo, mas estou gostando muito. Mesmo vendo o usuário não sinto vontade de voltar a usar o crack. Minha vida tá muito feliz agora.

Internação compulsória

Um ano após a ocupação policial da Cracolândia, na região da Luz, centro da capital, o governo do Estado começou nesta segunda-feira (21) o programa de incentivo à internação compulsória de viciados.

A ação é baseada em um termo de cooperação técnica assinado pelo governo do Estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ela cria uma equipe integrada por médicos, assistentes sociais e juízes sediados no Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), no parque da Luz, próximo à região da Cracolândia.

Hoje a lei brasileira prevê três tipos de internação: voluntária, involuntária (por determinação do médico e familiares, se o paciente não tiver condições de decidir) e compulsória (por decisão judicial). Por ordem do juiz, os dependentes de crack que necessitarem serão imediatamente levados contra sua vontade para uma clínica especializada conveniada com o governo. Todo o processo deve acontecer em poucas horas.

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