Falta de água em Itu espanta turistas e afeta comércio
Alguns, entretanto, viram na crise uma oportunidade de lucrar
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7
A crise no abastecimento de água em Itu, no interior de São Paulo, atinge diretamente o comércio local. Gerente de um restaurante no centro, uma das áreas mais castigadas pelo problema, Narciso Santos, 47 anos, relata que houve queda do número de clientes nos últimos meses.
— O turista deixa de vir à cidade e acaba afetando o restaurante, sim. Movimento caiu uns 30%, mais ou menos.
Se por um lado a freguesia encolheu, por outro, a despesa aumentou , conforme o gerente.
— A gente tem que captar dois tipos de água: a boa para cozinhar e a água de poço para lavar. Essa água, meu patrão compra de Indaiatuba, de uma empresa fornecedora.
Mas o problema nem sempre é sinônimo de prejuízo. Proprietário de um Depósito de água mineral na região central, Américo Augusto Mendes, 64 Anos, conta que, conforme a falta d´água no município foi se agravando, a procura por galões de 20 litros alavancou.
Quando ele começou o negócio, há cerca de seis meses, vendia, em média, de 40 a 50 galões por dia. Atualmente, o número fica entre 70 e 90.
— O pessoal compra água para tomar banho, lavar louça, fazer de tudo na casa.
Leia mais notícias de São Paulo
Moradores de cidade de SP buscam água em mina cercada de mato e de lixo
Diante de crise hídrica, moradores de Itu recorrem à bica para armazenar água em casa
O aumento da demanda o obrigou a contratar um segundo motoboy para dar conta das entregas.
— Tínhamos um motoboy, mas acabamos pondo mais um, pela procura maior.
Outro comerciante que conseguiu enxergar oportunidade na crise foi João Roberto de Moraes, 30 anos, dono de uma loja de 1,99 no Centro. Como estratégia de marketing, ele colocou baldes à venda na porta do estabelecimento.
— Coloquei na frente [os baldes], à mostra. O pessoal passa e vê que tem para comprar. Se está no fundo da loja, passa despercebido. Com a falta de água, a procura por balde é enorme para armazenar água. Não sei dizer a quantidade certa vendida, mas vendeu bastante. Desde quando trabalho com os baldes, esta época foi a que mais vendi.
Moraes mora na cidade de Porto Feliz, mesmo assim, também tem que conviver com o problema.
— A loja já ficou uma semana sem fornecimento de água. Sem nada. Não subia para a caixa. Eu trazia água da minha casa para por na loja.
Para MP, negligência agravou crise hídrica na cidade
Apesar de crise hídrica, Prefeitura de Itu não vê necessidade de decretar calamidade pública