As famílias e os amigos dos cinco homens que desapareceram no dia 21 de outubrona zona leste de São Paulo estão fazendo uma investigação paralela ao trabalho da polícia. O grupo sumiu quando estava a caminho de uma festa.
A última notícia dos amigos Jonathan, Caíque, César e Robson — de idades entre 16 e 19 anos — e de Jones Oliveira Januário, de 30 anos, que iria levar os meninos até o local, veio por meio de um áudio que Jonathan mandou para uma amiga dizendo que tinha sido parado pela polícia. Na mensagem, ele diz: “Ei, tio. Acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia tá me esculachando”.
De acordo com Amélia Maria Donato, tia de Robson, as buscas pelos meninos desaparecidos aconteceram durante toda a última semana. A cada informação recebida, há um mobilização até o local indicado.
— Essa semana a gente andou todos os dias. A polícia não acompanhou a gente. A polícia só acompanhou a gente no dia do protesto. Veio a Polícia Civil e quis ir até o local do carro pra ver se tinha câmera, alguma coisa para ajudar a gente.
As famílias pediram respostas em um ato na via de acesso do Rodoanel, na zona leste de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (27). No local, foi encontrado o carro usado pelo grupo na viagem para a chácara onde a festa aconteceria. Durante o protesto, a polícia reprimiu a ação dos manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
No último domingo (30), as buscas dos familiares começaram às 8h30 e só acabaram às 18h30, sem êxito. A tia de Robson conta que muitas pessoas ajudaram: “Acho que tinha umas 60 pessoas com a gente. Tinha uns 16 carros e uma Kombi lotada de gente”.
Segundo ela, o grupo foi até chácaras de Ribeirão Pires e entrou “no meio do mato”. Todos os envolvidos estão procurando, mesmo não tendo nada de concreto sobre o paradeiro dos jovens.
— A gente está indo aleatoriamente. A gente vasculhou esse mato que tem aqui no Rodoanel de ponta a ponta. Em todos os lugares que o pessoal fala “aqui é suspeita de local de desova, que mata as pessoas e joga aí”, a gente foi. Então a gente não tem pista nenhuma. É um mistério, né?
Mesmo assim, a tia diz que “ainda tem fé” de que vai encontrar seu sobrinho vivo. Segundo ela, a esperança é justificável porque, até agora, ninguém encontrou a cadeira de rodas de Robson, que ficou deficiente depois de levar tiro nas costas.
— Como que pode sumir cinco pessoas, desaparecer do mapa e a gente não ter nenhuma pista? Ainda mais hoje, que a gente vive num mundo em que não existe crime perfeito. Hoje não existe crime perfeito. Uma hora vai aparecer alguma coisa.
Os familiares chegaram a rastrear o celular de César entre os dias 23 e 26 e localizaram passagens por Atibaia, Bragança Paulista e pelo shopping Aricanduva. Depois disso, não foi possível mais encontrar suas posições. Além disso, quando as famílias ligaram para o número, as chamadas iam direto para a caixa postal. A última visualização registrada no aplicativo WhatsApp instalado no celular dele foi no dia 22 às 00h12.
O R7 pediu um posicionamento sobre as investigações do caso para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo nesta segunda-feira (31). Por meio de nota, a pasta disse que “o DHPP instaurou inquérito para investigar o caso. O carro usado pelos jovens foi periciado e as famílias foram ouvidas. Como uma abordagem da PM foi citada por um parente das vítimas, a Corregedoria da PM acompanha a investigação da Polícia Civil. Os familiares prestaram depoimento na tarde desta sexta-feira (28) na Corregeria da PM, porém até o momento não há informações que liguem o desaparecimento dos jovens com policiais militares”.