Filho de casal de PMs assassinados tinha doença grave e incurável
Marcelo Eduardo, de 13 anos, tinha fibrose cística e baixa expectativa de vida
São Paulo|Do R7
O garoto Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, encontrado morto junto com a família na última segunda-feira (5), sofria de fibrose cística, segundo informações de familiares.
A doença é hereditária e reduz a expectativa de vida. No caso de Marcelo, ele tinha esperança de viver só até os quatro anos, mas conseguiu mais tempo de vida graças ao controle da fibrose pelos pais. Não há cura para a fibrose cística, mas ela pode ser controlada.
A fibrose cística ataca o sistema respiratório, dentre outros sistemas do corpo humano. Os principais sintomas são pneumonia de repetição, tosse crônica, dificuldade para ganhar peso e estatura, diarreia, secreção grossa no pulmão. Por ser genética, tem diferentes combinações. Atualmente, são conhecidas 1.722 mutações, o que é considerado pela classe médica um fator de complicação.
A Polícia Militar investiga a participação de Marcelo no crime.
Os pais de Marcelo eram policiais militares. Na casa onde moravam, foram encontrados os corpos do estudante; do sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini; e da mulher, o cabo Andreia Bovo Pesseghini.
Além dos três, a avó da criança, de 65 anos, mãe de Andreia, que morava no mesmo terreno, em um cômodo separado, e a tia de Andreia, de 55 anos, também foram mortas. Os corpos foram encontrados depois que um parente sentiu falta de uma das senhoras.
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Ao entrar na residência, a polícia encontrou o cabo Andreia ajoelhada, já sem vida. O filho dela e o marido estavam deitados perto de um colchão. No cômodo do lado de fora da casa, as duas senhoras permaneciam deitadas na cama com um cobertor sobre os corpos.
Perto da porta de entrada, havia uma mochila. Dentro, a perícia encontrou material escolar do garoto de 13 anos, dinheiro e uma arma calibre 32 que pertencia ao cabo Andreia. Cada um levou um tiro na cabeça e, segundo Benedito Roberto Meira, comandante-geral da PM, não há marcas de que houve troca de tiros ou luta corporal.
No começo da madrugada desta terça-feira (6), os investigadores recolheram uma segunda arma, encontrada dentro da casa, diversos objetos e até lixo. Na residência, os peritos da polícia científica encontraram um bilhete que a escola teria mandado para os pais da criança na segunda-feira. Isso, segundo a polícia, sugere que o menino veio da aula depois que os pais já estavam mortos.
Além disso, um dos carros do casal foi encontrado a cerca de 60 metros da escola. A polícia já sabe que o veículo foi deixado ali por volta da 1h30 de segunda-feira. Mas ainda não sabe por quem.
A polícia investiga se a criança teria levado o carro até lá, pois o bilhete encontrado dentro da casa indica que a criança pode ter ido à escola.
O deputado e major da PM Olímpio Gomes duvida que o garoto tenha atirado na família e cometido suicídio depois de voltar das aulas.
— Nós temos dois cenários e que dificilmente uma pessoa só conseguiria fazer esse disparo sem provocar nenhuma movimentação ou instinto de defesa das pessoas.
Já o comandante geral da PM não descarta essa possibilidade.
— O menino era canhoto. O disparo foi feito do lado esquerdo da cabeça dele. Segundo os peritos que aqui estiveram, tem indícios de suicídio. A arma estava debaixo do corpo dele, o que é característico de suicídio.
Parentes ouvidos pela polícia disseram que o menino não apresentava problema de comportamento, mas não disseram se ele sabia dirigir.
O sargento, que tinha 16 anos de corporação, e a militar, que trabalhava na PM havia 19 anos, não tinham histórico de problemas e foram descritos como excelentes policiais, como conta o comandante da Tropa de Choque César Morelli.
— Pra gente é bastante triste, porque são dois policiais e, principalmente, uma família que sofreu uma coisa séria, que é perder a família inteira.