Um jovem de 23 anos carrega as
marcas de várias agressões sofridas no último fim de semana. O recepcionista
hospitalar E., que pediu para ter a identidade preservada, denuncia que apanhou
de um grupo de pelo menos dez pessoas.
A violência teria acontecido por volta das 4h deste domingo (1°)
na rua Herculano de Freitas, bairro da Bela Vista, centro de São Paulo.
— Quando a gente já foi virar a
esquina, já tinha esse grupo, era umas 10, 15 pessoas. Eles já foram me batendo,
não anunciou assalto nem nada... eles bateram com skate na minha cabeça
Reportagem: Vanessa Beltrão, do R7
Montagem/R7
E. estava acompanhado de uma amiga
que não foi agredida e acredita que a violência aconteceu porque ele é
homossexual. Mas a polícia não confirma essa motivação.
— Eu estava com uma amiga e eles
disseram que não queriam nada com ela. Foi só comigo. Nos dias de hoje,
isso é inaceitável, não deve ficar impune.
O jovem prestou queixa da agressão
no 48º Distrito Policial. Ele também denunciou o roubo do celular, mas acredita que o grupo
apenas pegou o telefone porque teve fácil acesso.
Para E. a intenção deles era de apenas bater.
— A intenção deles não
foi me roubar, mas, como viram o celular, pegaram
Arquivo Pessoal
Ele recorda que tentava
se livrar da violência de todas as formas e começou a morder um dos agressores.
—
Eu mordi um menino. Esse menino que eu
mordia, ele falava que era para eles pararem porque eu estava mordendo ele. E aí foi quando eles pararam de me
bater. Eu levantei, tentei sair correndo, só que vieram novamente atrás de mim
Arquivo Pessoal
E. conta que tinha ido a um bar com os amigos na rua Peixoto Gomides, no
bairro da Bela Vista, na madrugada do domingo. Ele caminhou pela rua
Herculano de Freitas com uma amiga, pois ela estava passando mal e
procurava um lugar mais fresco.
Outro amigo do recepcionista estranhou a demora dos dois e decidiu ir atrás.
—
Quando ele viu que eles estavam me batendo, ele pegou [algo de
concreto] que estava no chão para ir para cima deles no caso. Eles foram
embora e fugiram. Esse amigo me socorreu e me levantou
Arquivo Pessoal
E. conta que, após a agressão, encontrou uma viatura com dois policiais.
Segundo ele, mesmo sabendo do que tinha acontecido, os agentes não o teriam ajudado.
— Eles perguntaram o que
aconteceu. Eu estava sangrando muito e
encostei na viatura e o policial simplesmente falou que não era para encostar
porque eu estava sujando a viatura de sangue
Arquivo Pessoal
O jovem foi levado pelos amigos para o hospital.
—
Fiquei em observação o dia inteiro, fiz tomografia, raio-X. Levei
pontos na cabeça, estou com um machucado muito fundo no joelho e estou
com dificuldade de andar, mas o médico disse que não foi nada quebrado, é
mais a pancada
Arquivo Pessoal
A denúncia de E. agora será encaminhada para o 4° Distrito Policial,
localizado na Consolação, centro da cidade. O Boletim de Ocorrência ao
qual a reportagem teve acesso cita as agressões e o roubo do celular,
mas não faz referência ao episódio com a viatura policial
Arquivo Pessoal
A reportagem questionou a
assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública sobre o comportamento
dos policiais, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta
Arquivo Pessoal
Segundo E., uma tia que o acompanhou até a delegacia teria também questionado por que o B.O. não fazia referência ao
crime de homofobia nem à falta de socorro dos policiais
Arquivo Pessoal
O delegado de plantão Paulo Ricardo teria dito que ali estava sendo
feito um breve relato e que os detalhes deveriam ser informados ao 4° DP
Arquivo Pessoal
Para o jovem, a sensação que ficou foi de revolta.
— Na
hora do ocorrido, eu não tinha o que pensar, a não ser revolta