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São Paulo criou quase 80 km de ciclovia e o repórter Guilherme Lima, do R7, foi testar as vias exclusivas da cidade para bicicletas. A pedalada começou na rua Cayowaá, em Perdizes, zona oeste, passou pelo centro e terminou 21,3 km depois, na avenida Rebouças, em Pinheiros, também na zona oeste. O resultado do teste foi surpreendente, tanto por pontos positivos como por pontos negativos. Muitos motoristas respeitam o espaço para as bikes, mas os ciclistas precisam driblar pedestres, buracos e até carros estacionados nas faixas. Veja a seguir o relato. E confira também o vídeo
Reportagem: Guilherme Lima, do R7Daia Oliver/R7
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Depois de passar pela avenida Francisco Matarazzo, subir o viaduto Antártica e seguir pela avenida Marquês de São Vicente, encontrei a primeira "futura" ciclovia na rua Cruzeiro, na Barra Funda. Lá, tive de me equilibrar em uma estreita faixa para dividir espaço com carros estacionados onde deveria ter apenas bicicletas. Aliás, nem a prefeitura se livrou dos veículos na hora de pintar o asfalto, deixando o serviço pela metade
Daia Oliver/R7
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Um motorista que trabalha no bairro disse não ver problema em estacionar seu veículo no local.
— Sei que aqui é uma ciclovia, mas você mesmo está vendo que não tem nenhuma sinalização nem nada. A própria faixa tem falhas na pintura. Só vou procurar outro lugar para deixar o carro depois que houver placa de proibido estacionarDaia Oliver/R7
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Além de asfalto irregular e buracos, em alguns momentos foi preciso usar o freio para driblar carros e motos que invadiam a faixa das bikes.
Quem dirigia esse carro preto, por exemplo, passou no farol vermelho sem demonstrar preocupação.
De acordo com a definição da CET, a ciclovia é uma "pista para uso exclusivo para circulação de bicicletas segregada fisicamente do restante da via dotada de sinalização vertical e horizontal características (placas e pintura de solo)".Daia Oliver/R7
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Na rua Mauá, em frente à estação Júlio Prestes, no centro da capital, um cruzamento perigoso somado à sincronia do semáforo me surpreendeu.
Existe apenas um farol para carros e bicicletas, mas a ciclovia atravessa as pistas dos carros. Para não ser atingido pelos automóveis, a solução foi agir de forma errada: só senti confiança para atravessar a via no sinal vermelho para mim.
A mesma situação se repete nos cruzamentos da avenida Cásper Líbero com as ruas do Seminário e Antônio de Godói, ainda no centro. No bairro Santa Cecília, o problema está entre a Alameda Nothmann e a rua Barão de LimeiraDaia Oliver/R7
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Outro problema das ciclovias é a falta de conexão entre as faixas. Estava na avenida Duque de Caixas e fui obrigado a esperar na calçada para atravessar a avenida São João. Ali, a pista para os ciclistas vai apenas em direção ao centro, mas queria continuar viagem sentido Elevado Costa e Silva e me equilibrei no meio-fio
Daia Oliver/R7
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O R7 procurou a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e pediu esclarecimentos sobre a sinalização, os cruzamentos perigosos e a aplicação de multas para quem desrespeita as ciclovias. Até o fechamento dessa reportagem, não tivemos respostas
Rodrigo Vicentim
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Mesmo com todas essas dificuldades, as ciclovias da cidade também têm pontos positivos.
O Largo do Paissandu, no centro, foi o local onde mais encontrei pessoas pedalando. Na maioria, trabalhadores que fazem entregas com bicicletas clássicas e charmosas pela região histórica da capital.
São Paulo tem atualmente 79,41 km de ciclovias — destes, 16,4 km foram entregues neste ano. O objetivo da gestão Haddad é criar 400 km de vias para bicicletas até o fim de 2015Daia Oliver/R7
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Encontrei o ciclista Emerson Garcia Borges, de 40 anos, na rua Guaianazes, em Santa Cecília. O auxiliar financeiro escolheu a bicicleta como meio de transporte há oito anos e afirma que a ciclovia é um grande avanço para a cidade.
— Ter uma ciclovia já é algo muito positivo. Claro que muitas coisas precisam melhorar, como a sinalização, a interligação entre vias e a conscientização dos motoristas, pedestres e comerciantesGuilherme Lima/R7
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Próximo ao terminal Amaral Gurgel, também em Santa Cecília, a falta de espaço e reforma nas calçadas fazem com que pedestres e ambulantes prefiram andar pela ciclovia
Daia Oliver/R7
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Entre pedestres, motoqueiros e motoristas, encontrei muitas pessoas que respeitam e dão a preferência aos ciclistas
Daia Oliver/R7
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Caminhar em ciclovias como se fosse uma faixa de pedestre também é cena comum. Na praça da República, quando o farol fecha para os automóveis, as vias exclusivas para bicicletas se tornam passagem para as pessoas atravessarem a rua. Confira o vídeo do trajeto
Daia Oliver/R7