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Grande SP e Campinas precisariam de mais dois sistemas Cantareira para ter água até 2016, diz ONG

Para Malu Ribeiro, é preciso investir em tecnologia pois já não há mais lugar para buscar água

São Paulo|Do R7*

Cantareira tem recebido menos chuva que o normal desde o inverno
Cantareira tem recebido menos chuva que o normal desde o inverno

O nível de água do Sistema Cantareira é o mais baixo da última década, com apenas 22,9% de sua capacidade, atingido na última terça-feira (28). Para a coordenadora da rede das águas da ONG SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, isso faz com que a população tenha que controlar mais o desperdício de água. No entanto, o problema é mais grave e pode comprometer o futuro do abastecimento de água das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.

— A conta que vários estudos têm apontado é que, para garantir o abastecimento de água na região até 2016, a gente precisaria de mais dois sistemas Cantareira. E a gente não tem mais de onde buscar água. A solução agora é tecnologia: controle, despoluição de rios e eficiência na gestão da água. É o nosso copo d’água que está ficando vazio.

A coordenadora afirma ainda que a situação que estamos vivendo não é normal, já que o volume de chuvas tem sido muito abaixo da média.

— A expectativa é que tivéssemos chuvas de verão e que o nível do reservatório conseguisse chegar a 30%. Na região de cabeceira do sistema Cantareira, desde o inverno tem recebido menos chuvas que o normal. A gente não conseguiu chegar no começo do verão com o nível de água suficiente para abastecer as duas regiões metropolitanas. É uma disputa por essas poucas águas.


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O presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos, explica que apenas 6% de toda a água doce disponível no Brasil está na região Sudeste, que concentra 45% da população brasileira. De acordo com ele, o consumo de água da população responde a apenas 10% do total, restando 20% para indústria e 70% para agricultura.

— Parece que toda água é consumida pelo cidadão, mas ela é disputada pela sociedade inteira. É muito possível que a gente viva, com as mudanças climáticas, alternâncias de muita e pouca chuva. E como a nossa capacidade de reserva de água é limitada, quando para de chover, a gente tem esse drama.


Malu Ribeiro ressalta também que é complicado ficar dependo das chuvas para o abastecimento populacional e que, além da ajuda das pessoas no uso da água, é preciso preservar as regiões de manancial.

— É essencial que os planos diretores das cidades evitem adensamento urbano. A gente está desmatando as áreas de cabeceira, os lençóis freáticos não são reabastecidos — só as árvores fazem isso — e a gente está consumindo mais. É uma conta que não fecha.

*Colaborou Thiago Pássaro, estagiário do R7

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