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Haddad mantém discurso e diz que redução da passagem afetará outras áreas

Prefeito de São Paulo disse que uma nova reunião deve ser marcada com movimento

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Daia Oliver

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (19), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), voltou a afirmar que, se houver redução no valor da tarifa de ônibus a prefeitura vai precisar fazer cortes em outras áreas. Segundo o prefeito, até sexta-feira (21), uma nova reunião deverá acontecer entre a administração municipal e representantes do MPL (Movimento Passe Livre), que organiza os protestos na capital.

O chefe do executivo reiterou ainda que o reajuste da passagem do tranporte coletivo na cidade foi abaixo da inflação e que a prefeitura "segurou o aumento da tarifa até a desoneração" promovida pelo governo federal.

— Estou tendo que repetir os mesmos argumentos. Estamos colocando R$ 600 milhões a mais na conta do subsídio para manter a tarifa neste patamar. Qualquer mudança disso significará prejuízo para outras áreas do governo. Nós não temos três alternativas. Temos duas: ou corta de outras áreas ou avança na política de desoneração.

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Redução de 7% no preço da passagem

Uma das alternativas para reduzir a valor da passagem seria a sanção do Projeto de Lei 310/2009, que foi aprovado na Câmara dos deputados e tramita na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. O projeto Institui o REITUP (Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros), que está baseado na redução de tributos sobre esses serviços e sobre insumos neles empregados, como pneu e diesel.


A expectativa é de que a votação aconteça na próxima semana. Se o texto não sofrer alteração, há a chance de que seja sancionado pela presidente Dilma Rousseff ainda neste mês. Segundo Haddad, a aprovação do projeto significará um impacto de “cerca de 7% no preço da tarifa”.

Encontro com a presidente


Sobre a audiência que teve com a presidente Dilma na noite de terça-feira (19), o prefeito afirmou que o encontro não foi agendado na última hora. Haddad, que ligou ainda para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ter informado a presidente sobre projetos de lei que estão tramitando no Congresso Nacional e que possibilitariam um avanço na política de desoneração. Outro assunto discutido foi a questão dos recursos para a construção de corredores de ônibus.

— Por que a obsessão por corredores? Isso impacta custos. Se eu tenho um corredor de ônibus, eu diminuo os custos de transporte na cidade e melhoro a qualidade. Vou gastar menos combustível, o mesmo motorista e cobrador vão poder transportar mais pessoas por hora de trabalho. Então, ontem, nós despachamos. Era uma reunião prevista já.

Ele destacou que o sistema tem sofrido "perda de produtividade ao longo dos últimos anos por conta da falta de investimento em corredores".

— Como não se fez corredores desde a gestão Marta [Suplicy], a velocidade dos ônibus caiu pela metade. Então, os custos aumentam. O ônibus perder velocidade onera a cidade inteira, porque o transporte é público. Se a prefeitura tivesse construído os corredores que prometeu no passado, a velocidade média do ônibus não seria de 12km/h. Seria de 25km/h. Isso significaria que as pessoas iriam estar menos apertadas, chegar mais cedo em casa.

Contradição rua e urna

O chefe do executivo enfatizou que não pretende abrir mão do Bilhete Único Mensal para reduzir a passagem, lembrando que este foi um dos principais compromissos de sua campanha.

— Imaginar que nós podemos abrir mão de uma proposta com a qual nos comprometemos para usar o recurso em outra direção é criar uma contradição, que na minha opinião não deveria ocorrer, entre a rua e a urna.

Vandalismo

Segundo o prefeito, ao todo, 63 pessoas foram presas após as depredações desta terça-feira (18). Haddad repudiou os atos de vandalismo no centro e afirmou que o que aconteceu foi uma "atrocidade contra a cidade".

— Tivemos na segunda-feira (17), um dia que o todo mundo celebrou. São Paulo é berço de manifestação, convive bem com movimento social, tem um legado na democratização que precisa ser respeitado. Agora, penso que gestos de ontem não contribuem para o funcionamento da cidade. Independentemente da manifestação, da apresentação de argumentos, reivindicações, a cidade quer funcionar. As pessoas têm o direito de chegar ao trabalho, de chegar em casa, de participar das manifestações.

Questionado sobre como avaliava a demora da polícia para agir no sentido de coibir os atos de vandalismo, Haddad evitou polemizar e disse ter "muita confiança" no secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella. Pouco antes da coletiva, ele conversou com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), com quem tem mantido um "diálogo permanente".

— A polícia, até em função dos episódios da semana passada, tem tido muita parcimônia em agir no sentido de preservar a integridade das pessoas. Evitar que inocentes paguem por atos que não são próprios da democracia. E essa tentativa de preservar os inocentes e evidentemente coibir a ação de pessoas que não estão preparadas para a vida democrática é uma tarefa difícil.

MPL

O prefeito considerou "boa" a reunião de terça-feira com com representantes do MPL.

— Tivemos uma primeira reunião, que, na minha opinião foi boa, e só foi maculada pelos atos de ontem de grupos que insitem em querer impor sua vontade de maneira irracional.

Ele acrescentou que teve com o movimento um "debate civilizado".

— Nós tivemos um bom debate, um debate civilizado. Infelizmente, esse debate está querendo ser interditado por grupos que não confiam na democracia, que querem depredar. São criminosos que estão agindo nas ruas.

Manifestantes depredam sede da Prefeitura de São Paulo

Sexto protesto

Um dia após manifestação histórica na cidade de São Paulo reunir mais de 100 mil pessoas nas ruas da cidade, o sexto ato contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista, ocorrido nesta terça-feira (18), foi o mais violento de todas as manifestações. Com início pacífico, milhares de pessoas se reuniram na praça da Sé por volta das 17h. No entanto, os tumultos começaram quando uma parte do grupo caminhou para a sede da prefeitura antes da definição oficial do trajeto que a passeata faria.

Em pouco tempo, o prédio da prefeitura, no viaduto do Chá, na região central, foi cercado. Um grupo de pessoas queimou um boneco com o rosto do prefeito Fernando Haddad e, na sequência, parte dos manifestantes derrubou a grade que dava acesso ao pátio da prefeitura e invadiu o local. Com pedras, eles quebraram vidros das cinco grandes vidraças da frente do prédio. Enquanto isso, outros participantes gritavam "sem vandalismo, sem violência". A parede da sede do governo municipal também foi pichada. Uma das mensagens era "3,20 não".

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) usou spray de pimenta e gás lacrimogênio para conter a manifestação e impediu que o prédio fosse invadido. A confusão na região continuou e manifestantes arrancaram a bandeira da cidade de São Paulo do mastro da prefeitura e tentaram atear fogo. Segundo a assessoria da prefeitura, Fernando Haddad (PT) deixou o edifício por volta das 17h30 para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, em São Paulo, e foi orientado a não voltar ao prédio.

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