Julgamentos finais do massacre do Carandiru acontecem em 2014
TJ-SP confirma para fevereiro e março do próximo ano o júri de 29 denunciados
São Paulo|Do R7
A Justiça de São Paulo definiu as datas dos últimos dois julgamentos envolvendo o massacre do Carandiru, ocorrido na Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992, e que resultou em 111 mortes. Os júris para os crimes no 3º andar (quarto pavimento) e 4º andar (quinto e último pavimento) acontecem, respectivamente, em 17 de fevereiro e 17 de março de 2014.
Dividido em quatro blocos, o julgamento do massacre do Carandiru realiza no próximo ano os julgamentos com o menor número de réus e vítimas em relação aos dois primeiros, ocorridos neste ano. Segundo dados do Ministério Público de São Paulo, no julgamento de fevereiro de 2014 serão 16 policiais denunciados por um total de oito mortes no 3º andar. Um mês depois, 13 denunciados responderão por 15 mortes.
A grande maioria dos policiais a serem julgados no próximo ano compunham as tropas do COE (Comandos e Operações Especiais), uma subunidade do 4º Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar, e do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).
Relembre a história do complexo penitenciário do Carandiru
Leia mais notícias em São Paulo
No dia 3 de agosto deste ano, 25 policiais foram condenados a 624 anos de prisão por 52 mortes ocorridas no 2º andar (terceiro pavimento) da Casa de Detenção. Inicialmente, os réus eram julgados pelas mortes de 73 detentos, mas o promotor Fernando Pereira da Silva pediu que 21 homicídios não fossem imputados aos militares, que são do 1º Batalhão do Choque, conhecido como Rota. A sentença foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini Camargo de Aguirre, da 2ª Vara do Júri.
Em abril de 2013, 26 policiais militares foram levados ao banco dos réus pela morte de 15 detentos no 1º andar (segundo pavimento) do Pavilhão 9. Após sete dias de julgamento, a maioria foi condenada por homicídio qualificado — com uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Do total de réus, 23 foram condenados a 156 anos de prisão. Os réus receberam a pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes. Outros três PMs foram absolvidos pelo júri, que acatou o pedido feito pela acusação.
"Não existe punição para sociedade que viola direitos de um homem", diz sobrevivente do Carandiru
Após Carandiru, massacre continua atrás dos muros das prisões, diz Pastoral Carcerária
Todos os condenados estão recorrendo em liberdade. As questões individuais envolvendo dois réus no processo - o julgamento individual do coronel Luiz Nakaharada por cinco mortes, e o exame de insanidade mental do ex-soldado Cirineu Letang, que ficou conhecido como "serial killer de travestis" em São Paulo - também seguem em andamento, segundo informações do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
Antes deles, o coronel da PM Ubiratan Guimarães, responsável pela operação que resultou no massacre, chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, porém, um recurso absolveu o réu e ele não chegou a passar um dia na cadeia. Em setembro de 2006, Guimarães foi encontrado morto com um tiro na barriga em seu apartamento nos Jardins. A ex-namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi a julgamento em novembro do ano passado pelo crime e acabou absolvida.