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Manancial da Cantareira se esgota até Copa, diz comitê

Novo cenário pressiona Sabesp a instalar equipamentos para captar reserva nunca utilizada 

São Paulo|

Nível de água do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo
Nível de água do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo Nível de água do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo

Diante de uma estiagem bem mais severa do que a pior já registrada na história, o comitê anticrise que monitora a situação do Sistema Cantareira antecipou para julho — mês da Copa do Mundo — a previsão de esgotamento do chamado "volume útil" do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas.

Na estimativa anterior, feita há quase um mês, o grupo afirmava que se a seca fosse tão grave quanto à de 1953 a água acabaria em agosto.

O novo cenário pressiona ainda mais a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a instalar os equipamentos necessários para captar a água do chamado "volume morto" do Sistema Cantareira. Trata-se de cerca de 400 bilhões de litros que ficam no fundo dos reservatórios, uma reserva estratégica nunca utilizada. A Sabesp informou que iniciará a operação em maio, dois meses antes do possível fim do "volume útil", que é a quantidade represada acima do nível das bombas.

Alckmin volta a negar necessidade de racionamento

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Em fevereiro, após determinação da ANA (Agência Nacional de Águas) e do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que lideram o comitê anticrise, a Sabesp contratou duas empresas por R$ 52 milhões para realizarem obras emergenciais para uso do "volume morto" nas represas Jaguari e Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré Paulista. As duas primeiras são consideradas o coração do Cantareira e armazenam 82% da água do manancial, mas estão com apenas 9,4% da capacidade.

A companhia também comprou 17 bombas flutuantes por R$ 5,3 milhões de uma empresa de Santa Catarina, além de tubos, cabos, painéis e geradores. O custo total da operação é estimado em R$ 80 milhões. Desde o início de março, o uso do "volume morto", que antes era tratado como eventual, tornou-se inevitável para que o racionamento não seja generalizado.

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Parâmetros

As perspectivas ficaram mais pessimistas porque a seca atual do Cantareira é mais crítica que a de 1953, até então a pior da história e que servia de parâmetro para os técnicos dos governos estadual e federal. Desde janeiro deste ano, a quantidade de água que entrou nos reservatórios do Sistema Cantareira corresponde a 15% da média histórica, mesmo com a volta das chuvas neste mês. Em 1953, o pior índice foi o de janeiro: 39%.

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Naquele ano, a vazão média de água que abastecia as represas oscilou entre 24,5 mil litros e 26,7 mil litros por segundo no primeiro trimestre. Em fevereiro deste ano, a vazão foi de apenas 8,5 mil litros e neste mês estava em 15,2 mil litros até sexta-feira (14), ou seja, 43% menor do que a pior média registrada.

Por outro lado, no mesmo período, a quantidade de água liberada para abastecer cerca de 14,3 milhões de pessoas das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas foi de 29,7 mil litros por segundo, ou seja, déficit de 14,5 mil litros por segundo. O pior é que até agora nenhuma das medidas anunciadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi suficiente para brecar a queda do "volume útil" do Sistema Cantareira, que no domingo (17) caiu mais um pouco, chegando a 15,2% da capacidade.

Outras estratégias

Quando a Sabesp lançou o plano que dá desconto de até 30% na conta para quem reduzir ao menos 20% do consumo, o sistema estava com 21,9% da capacidade. A partir de então, o governo de São Paulo passou a adotar uma série de estratégias.

Primeiro, começou a remanejar água das Bacias do Alto Tietê e Guarapiranga para três milhões de pessoas antes abastecidas pelo Cantareira. Em seguida, contratou uma empresa por R$ 4,5 milhões para produzir chuva artificial sobre os reservatórios que estão secos, liberou a exigência de gasto mínimo dos grandes consumidores e reduziu em 10% a vazão máxima para a Grande São Paulo. Na última semana, o governo de São Paulo cortou em 15% a quantidade de água vendida para São Caetano e Guarulhos — essa última cidade anunciou que promoveria racionamento por falta de água para distribuir à população. 

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