MP encontra R$ 88 mil em cofre de escritório utilizado por fiscais da prefeitura suspeitos de corrupção
Irmão do secretário Rodrigo Garcia passou a ser investigado por suspeita de lavagem de dinheiro
São Paulo|Fernando Mellis, do R7
O Ministério Público encontrou R$ 88 mil no cofre portátil do escritório que os quatro auditores fiscais suspeitos de integrarem o esquema de fraude do ISS (Imposto sobre Serviço) da Prefeitura de São Paulo utilizavam para os negócios ilícitos, no centro da capital. O imóvel havia sido alugado pelo empresário Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia (DEM). O lacre do que foi apreendido no "ninho" do grupo foi aberto nesta quinta-feira (21).
De acordo com o promotor Roberto Bodini, o auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues acompanhou as buscas ao escritório e negou qualquer vinculação com o dinheiro.
— Nós chamamos então o locatário, o responsável legal pela sala, que era o Marco Aurélio Garcia e o fizemos através dos advogados dele. Nós não temos uma posição assinada por ele, mas os advogados negam que ele tenha qualquer responsabilidade sobre o cofre.
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O promotor afirmou, também, que recebeu a relação das pessoas que teriam adquirido apartamentos em um empreendimento na rua Bela Cintra. A informação havia sido passada por uma testemunha protegida. Três unidades de flats estavam no nome de Marco Aurélio Garcia, que repassou os imóveis para os auditores Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos e Fábio Camargo Remesso. No escritório, foi encontrada uma declaração, conhecida como contrato de gaveta, do empresário vendendo o apartamento a Rodrigues. Barcellos falou que a unidade dele custou R$ 389 mil.
Também foram constatadas transferências de dinheiro de Rodrigues para uma empresa que tem como sócio Garcia. Foram realizadas duas transferências de valores entre R$ 75 e R$ 85 mil. O empresário passou a ser investigado pelo Ministério Público por suspeita de lavagem de dinheiro, de acordo com o promotor.
— Essa operação de compra e venda de imóvel, contrato de gaveta, somada à responsabilidade do Marco Aurélio Garcia pela locação de escritório chamado “ninho”, a apreensão dessa quantia de dinheiro, tudo isso dá todos os elementos da prática da lavagem de dinheiro por parte do Marco Aurélio Garcia.
O Ministério Público pediu que a incorporadora envie a data de compra dos apartamentos. A partir disso, os promotores vão checar se os investigados transferiram dinheiro a Marco Aurélio Garcia em um período próximo.
Ainda não foi definido quando Garcia será ouvido pela Promotoria. Segundo Bodini, a prioridade é analisar os documentos apreendidos para depois intimar quem for necessário.