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MPL anuncia que não convocará novos protestos em São Paulo

Hostilidade contra partidos e "pauta conservadora" foram os motivos para o fim dos atos

São Paulo|Com R7

Manifestantes contrários à participação de militantes de partidos entram em conflito no ato da Paulista deixando um ferido
Manifestantes contrários à participação de militantes de partidos entram em conflito no ato da Paulista deixando um ferido MARIO ÂNGELO/ESTADÃO CONTEÚDO

O MPL (Movimento Passe Livre), que deu partida a uma série de manifestações em diversas cidades brasileiras pela redução da tarifa do transporte público, informou nesta sexta-feira (21) que por ora não convocará mais protestos em São Paulo.

A onda de protestos no País, que começou há cerca de duas semanas, teve seu ápice na quinta-feira (20), quando estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas de dezenas de municípios, mesmo após a reivindicação inicial pela queda das passagens ter sido atendida em diversas cidades. O representante do MPL, Rafael Siqueira, explicou o motivo do fim das manifestações organizadas pelo grupo.

— Porque a gente acha duas coisas e é bem simples. Primeiro, que a tarifa foi revogada. Esse era o ponto dos atos que a população estava lutando a favor. E segundo, que a gente percebeu o oportunismo direto de grupos conservadores e de extrema direita iniciando manifestações. Isso a gente não concorda.

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Os atos de violência se agravaram em várias localidades. Em Brasília, manifestantes — que agora pedem uma extensa pauta que vai de melhoria dos serviços públicos a crítica pelos gastos para realização da Copa do Mundo no País — chegaram a invadir e atear fogo ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.


Muitos dos manifestantes, em sua maioria jovens, têm se posicionado contra a participação de partidos políticos nas passeatas. Em algumas cidades, como São Paulo, a presença de legendas acirrou os ânimos de grupos que estavam nas ruas. Um grupo de cerca de 150 militantes do PT desistiu de permanecer no ato na avenida Paulista por causa da crescente hostilidade por parte dos manifestantes que não queriam a presença de partidos no ato.

Esse e outros atos contra militantes de partidos e também o aumento do número de pessoas que propõe "pautas conservadoras" contribuiu para que o movimento desistisse das manifestações, como afirma Siqueira.


— Com esse antipartidarismo, pessoas agredindo os partidos políticos. Isso é um absurdo. A gente viu cartazes muito preocupantes de pautas conservadoras como a favor da criminalização do aborto e a favor da diminuição da maioridade penal. Isso a gente acha bizarro.

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O bancário e militante do MPL, Douglas Belome, confirmou que por enquanto o MPL não vai mais convocar atos e também criticou o antipartidarismo.

— Com relação ao que aconteceu ontem (quinta-feira), a gente ficou particularmente triste, porque entendeu que muitas das pessoas ligadas a partidos que estavam presentes estavam na luta com a gente desde o início, e algumas chegaram a ser acusadas de oportunistas e estavam sofrendo e vibrando com a gente desde o início, lutando pela mesma causa.

Belome acrescentou que esse tipo de atitude é contra o que acredita o movimento.

— O MPL se coloca como apartidário, mas insiste que não é antipartidário.

Crítica em rede social

Na página do MPL (Movimento Passe Livre) no Facebook, o grupo publicou um post no qual repudiava as hostilidades que aconteceram nesta quinta-feira contra os partidos políticos. Confirma a mensagem na íntegra:

"Nota no. 11:sobre o ato dessa 5a feira

O Movimento Passe Livre (MPL) foi às ruas contra o aumento da tarifa. A manifestação de hoje faz parte dessa luta: além da comemoração da vitória popular da revogação, reafirmamos que lutar não é crime e demonstramos apoio às mobilizações de outras cidades. Contudo, no ato de hoje presenciamos episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos.

O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima. Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto.

O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje, da mesma maneira que repudiamos a violência policial. Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos.

Toda força para quem luta por uma vida sem catracas.

MPL-SP"

Agravamento dos protestos

A presidente Dilma Rousseff cancelou viagens previstas para os próximos dias, inclusive uma internacional ao Japão, diante do agravamento dos protestos em todo o país. Na manhã desta sexta-feira, Dilma marcou reunião de emergência com diversos ministros para tratar do assunto.

(Por Silvio Cascione)

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