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“Não tenho dúvida de que Mizael matou Mércia”, diz delegado em depoimento marcado por provocações 

Em testemunho, ele derrubou álibi do acusado e negou tortura em Evandro Silva

São Paulo|Ana Ignacio e Joyce Carla, do R7

Delegado presta depoimento nesta terça-feira
Delegado presta depoimento nesta terça-feira Delegado presta depoimento nesta terça-feira

O depoimento de Antônio de Olim, quarta testemunha de acusação a ser ouvida no julgamento de Mizael Bispo, acusado de matar Mércia Nakashima em 2010, durou mais de cinco horas e foi marcado por diversos bate-bocas no plenário. O delegado foi responsável pelas investigações do caso na época do crime.

Em seu testemunho, Olim reforçou o trabalho realizado durante as investigações, negou que Evandro Bezerra, vigia acusado de participar da morte de Mércia, tenha sido torturado para modificar seu depoimento e culpar Mizael, e disse ter certeza sobre a autoria do crime.

— Não tenho dúvida nenhuma que Mizael matou Mércia.

O delegado disse ainda que relatou tudo o que sabia no júri, sem "inventar histórias".

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Entre outras declarações, o delegado garantiu que o ex-policial praticou o crime de forma premeditada, montando álibis para justificar sua pretensa inocência.

— Mizael montou um esquema para dizer que estava de bem com a vítima.

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Detalhes

Durante o tempo em que prestou depoimento, o delegado citou detalhes da investigação do caso. Entre outras declarações, falou que o vigia Evandro Bezerra da Silva, também acusado de participar do crime, foi buscar Mizael Bispo na represa de Nazaré Paulista, onde Mércia foi morta. Segundo ele, os dois se falaram por telefone por 16 vezes no dia do crime.

Olim explicou que Mizael não era visto como suspeito no início da apuração sobre o assassinato da ex-namorada. De acordo com o delegado, as primeiras suspeitas eram de que a advogada havia sido sequestrada, mas as pistas apontaram o réu como culpado.

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A testemunha afirmou também que o acusado fugiu depois da polícia solicitar a chave de seu carro para a perícia. Além disso, ele usou um telefone não registrado para conversar com também acusado de participar do crime, o vigia Evandro Bezerra da Silva, do qual se desfez logo após o assassinato.

Álibi rejeitado

O delegado disse ainda que Mizael não ficou dentro de seu carro estacionado na porta do Hospital Geral de Guarulhos durante as horas em que a vítima foi morta. E afirmou que duvida que o réu esteve com uma prostituta durante este período.

— Ele não sabia o nome da mulher e, só depois de muita pressão, lembrou a cor do cabelo. Depois deu apenas R$ 20. E é estranho manter relações sexuais em um lugar de tanto movimento, sem chamar a atenção.

Ainda de acordo com o delegado, Mizael diz que passou por uma determinada rua para pegar esta prostituta, mas o rastreador de seu carro não aponta esta parada.

— O réu diz que em dois ou três minutos conseguiu pegar essa mulher. O local não é ponto de prostituição e não tem ponto de ônibus. É uma via de acesso ao aeroporto, com muito movimento.

Vídeo

Um dos momentos mais tensos do depoimento foi a exibição de um vídeo com um testemunho de Evandro Bezerra da Silva, que teria ajudado Mizael a fugir após o assassinato de Mércia, para Olim. De acordo com a defesa do réu, o delegado teria torturado o vigia para que ele incriminasse o ex-policial.

Após a transmissão, acusação e defesa concordaram que o vídeo não aponta indícios de tortura. No entanto, Ivon Ribeiro, um dos advogados de Mizael, questionou as imagens de forma irônica.

— Não houve tortura filmada. Este absurdo não aconteceu.

O promotor Rodrigo Merli, também em tom sarcástico, respondeu a Ribeiro.

— Também não temos vídeo do Mizael matando a Mércia, esse absurdo!

Defesa

A defesa de Mizael Bispo trabalhou na desqualificação de provas usadas pela acusação. Ivon Ribeiro tentou demonstrar que o delegado se baseou em documentos imprecisos, como o relacionado ao rastreador de carro de Mizael.

— Esse documento não presta.

Segundo Ribeiro, as informações do rastreador do carro são frágeis. Ele declarou, também, que a testemunha não tem conhecimento sobre o funcionamento de um equipamento deste tipo para basear a investigação nisso.

Os advogados trabalharam ainda com supostas contradições entre gravações de interrogatórios realizados durante a investigação e informações contidas no processo.

Por vezes, Olim foi questionado se lembrava de conversas e informações colhidas durante o caso e os advogados fizeram, também, muitas perguntas sobre como o delegado chegou à conclusões especificas como, por exemplo, o local em que Mércia foi baleada. 

Próximo depoimento

A suposta tortura sofrida por Evandro também será assunto do depoimento de Arles Gonçalves Júnior, que será a segunda testemunha desta terça-feira (12). Ele foi arrolado no processo a pedido da acusação.

De acordo com o assistente da promotoria Alexandre de Sá Domingos, que acompanhou o depoimento do vigia ao delegado Olim, a presença do vigia será fundamental para que a responsabilidade do ex-policial no crime seja comprovada.

— Chegaremos à conclusão de que Mizael matou Mércia. Espero que ele pegue pelo menos 30 anos, que é a pena máxima.

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