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Pai de jovem encontrado morto e desfigurado em SP pediu para ele não ir à balada

Morte de Kaique Batista dos Santos é tratada como suicídio, mas família não acredita

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Jovem de 17 anos foi encontrado morto e desfigurado após balada no centro de São Paulo
Jovem de 17 anos foi encontrado morto e desfigurado após balada no centro de São Paulo Jovem de 17 anos foi encontrado morto e desfigurado após balada no centro de São Paulo

O pai do jovem Kaique Augusto Batista dos Santos, de 17 anos, pediu para que o filho não fosse à festa após a qual, horas depois, foi encontrado morto na madrugada do último sábado (11), no centro de São Paulo. O corpo estava desfigurado e com uma barra de ferro atravessada por uma das pernas. A polícia trata o caso como suicídio, mas a família não aceita essa versão.

A última pessoa da família com a qual Kaique conversou antes de seguir para a balada PZA, na República, na região central da capital, foi o pai. Na conversa, ele teria dito que estava com saudade e pediu ao filho que fosse até a casa dele para buscar o presente de Natal e uma quantia em dinheiro. Porém, o jovem disse que estava indo para uma festa e que depois eles conversariam.

O relato foi feita pela irmã da vítima, Tayna Chidiebere, de 19 anos. Em contato com o R7, ela afirmou que a família não entende como o caso possa estar sendo tratado como suicídio pela polícia, com base no boletim de ocorrência registrado pelos policiais militares que atenderam o caso, às 5h16 de sábado, na avenida 9 de Julho, no centro da cidade. Parentes e amigos de Kaique acreditam que ele foi agredido até a morte e atirado de um viaduto.

— A única coisa que a gente quer saber é em que altura da 9 de Julho ele foi encontrado e qual o motivo disso ter sido registrado como suicídio (...). Eles [PMs] encontraram o corpo dele perto de uma ponte, então eles deduziram que ele se jogou, entendeu? Só que como uma pessoa se joga e tem uma barra de ferro na perna? Ele ia arrancar o próprio dente? Não tem como isso ter acontecido.

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Higienizador de carros, Kaique não apareceu para trabalhar na manhã de sábado. Foi o que motivou a chefe do jovem a ligar para o amigo com o qual ele vivia em Santana, na zona norte da capital. Acreditando que ele estaria com outros jovens, o amigo só comunicou a irmã da vítima na segunda-feira (13), já que Kaique não havia aparecido e seu celular estava desligado. Foi então que parentes iniciaram as buscas, que terminaram na terça-feira (14), quando o corpo que deu entrada do IML (Instituto Médico Legal) sem documentos foi identificado.

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De acordo com Tayna, o irmão não possuía inimigos e vivia cercado por amigos. Embora as informações sobre como Kaique se perdeu dos amigos na balada onde estava, já na madrugada de sábado, ainda não sejam claras — uns dizem que o jovem havia perdido a carteira e o celular, além de ter bebido um pouco demais, outros negam — ela não consegue aceitar a possibilidade do irmão ter tirado a própria vida.

— Eu falo isso com plena certeza. Meu irmão não se jogaria de uma ponte nunca.

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Longe da mãe, jovem estava triste

Homossexual assumido, de acordo com a família, Kaique não estava feliz com o momento que atravessava. Ele estava vivendo em meio a conflitos na casa onde morava, conforme informou a irmã. Além disso, o jovem desejava muito voltar a viver com a mãe, que atualmente mora em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Tayna diz que a família já procurava uma casa para alugar, o que possibilitaria a reunião de mãe e filho.

Na página do jovem no Facebook, as postagens mais recentes apresentam, aparentemente, uma pessoa que enfrentava alguns problemas. A última, do dia 10 de janeiro, véspera da morte, é enigmática.

— Vc se machuca com q as pessoas fazem com vc e vc viva pensando e ñ machucar as pessoas... e ae pensa mesmo em ñ derrubar as pessoas da ponte em quanto elas te jogam e vc tem q subir ela de alguma forma [sic].

A irmã justifica o momento que Kaique atravessava.

— Ele não estava feliz com a vida, ele estava um pouco chateado porque não morava com a minha mãe, que estava vivendo um momento de dificuldade, e o pessoal com o qual ele estava morando ele disse que estava com uma briguinha, então a gente não sabe direito... quando ele estava triste costumava postar essas coisas.

No entanto, ela não acha que os problemas que o irmão vivia pudessem levá-lo ao suicídio.

— A gente acha que ele não estava muito feliz. Todo adolescente quer ficar ao lado da família, da mãe, do pai e dos irmãos. Com certeza ele queria estar com a minha mãe, mas infelizmente ela não podia por uma dificuldade. Porém, ela já estava procurando uma casa para eles morarem juntos.

Polícia Civil aguarda família e laudo para investigar o caso

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou ao R7 que o caso vem sendo tratado inicialmente como suicídio segundo as informações prestadas pelos policiais militares que atenderam a ocorrência. Entretanto, de acordo com a assessoria de imprensa do DHPP, um inquérito sobre o caso foi aberto e o seu prosseguimento depende agora do laudo do IML, que leva em média 30 dias para ficar pronto, e de provas para que ele possa ser investigado como homicídio, como quer a família.

A família de Kaique promete procurar pela delegada Elisabete Ferreira Sato, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), para pedir a investigação do caso. Até o momento, a polícia diz não haver investigação em andamento pela "ausência de provas" que configurem o crime apontado pela família. A irmã de Kaique promete comparecer à delegacia na manhã desta sexta-feira (17), para solicitar a abertura de investigação.

Manifestação é marcada para sexta-feira

Amigos do jovem morto e ativistas que defendem os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros em São Paulo convocaram para as 18h30 desta sexta-feira, no Largo do Arouche, um ato em protesto pelo que chamam de uma "vítima da homofobia". Até as 15h15 desta quinta-feira, mais de 1.300 pessoas haviam confirmado presença na página da manifestação no Facebook.

Do local da concentração, o grupo promete caminhar até a Coordenadoria de Diversidade da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, os manifestantes vão até a avenida 9 de Julho, nas proximidades da Câmara Municipal, para chamar a atenção das autoridades competentes.

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