Prefeitura de SP quer trocar nomes de ruas que homenageiam a ditadura militar
Viaduto 31 de Março pode virar Viaduto Thereza Zerbini se projeto de lei for aprovado
São Paulo|Da Agência Brasil
A prefeitura de São Paulo quer substituir nomes de ruas, pontes, viadutos e praças que homenageiam agentes da ditadura militar por nomes de pessoas que lutaram pela democracia. Um projeto de lei para mudar o nome Viaduto 31 de Março (data do golpe de 1964), foi encaminhado nesta quinta-feira (13) à Câmara Municipal. Se aprovado, o viaduto que fica no centro da cidade passará a chamar Viaduto Thereza Zerbini, em homenagem à ativista que lutou pela anistia de perseguidos pelo regime.
Outro projeto, também enviado à Câmara, impede novas homenagens a violadores dos direitos humanos. As ações fazem parte do programa “Ruas da Memória” para mudar o nome de mais 22 ruas e avenidas que fazem menção a agentes ou figuras-chave da ditadura.
De acordo com a coordenadora de Direito à Memória e à Verdade da prefeitura, Carla Borges, serão substituídos “nomes de torturadores e pessoas que não simbolizam o que a gente acredita que são os valores de uma sociedade que se pretenda efetivamente democrática”.
A ideia não é simplesmente remover as homenagens ao regime, mas trabalhar as memórias ligadas à repressão com os moradores das regiões em que se propõe as alterações. “Queremos utilizar o programa como uma oportunidade de levar o debate sobre a memória e a verdade para os diversos territórios da cidade”, explicou Carla.
A partir das violações cometidas no passado, a ideia é também discutir os reflexos no presente. “Conversar com esses moradores sobre o que foi a ditadura, o que significa o legado autoritário. O que significa a violência de Estado ainda hoje, manifestada principalmente na violência contra jovens negros de periferia pela ação da polícia”, acrescentou a coordenadora.
Na região do Grajaú, extremo sul da capital, houve um encontro de saraus para debater a alteração do nome da avenida Golbery do Couto e Silva. O general foi chefe da Casa Civil nos governos ditatoriais de Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo.
“Foi um encontro de saraus, valorizando os artistas locais da zona sul, para juntos pensarmos qual seria o nome mais adequado; se eles sabiam quem era Golbery e se tinham sugestões de pessoas que promoveram direitos humanos na região”, ressaltou Carla. A partir da conversa, foi encaminhado um projeto para que a via passe a se chamar Padre José Pegoraro.
Além das ruas e viadutos, serão discutidos os nomes de 15 escolas e cinco ginásios que remetem a personagens do regime militar.
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