“Prefeitura deveria ter chamado a polícia para parar a obra”, diz advogado
Ademar Gomes foi consultado por famílias das vítimas e aponta possíveis culpados
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7 e Agência Record
Consultado por seis famílias de vítimas do desabamento de um prédio na zona leste de São Paulo, o advogado Ademar Gomes disse na manhã desta quarta-feira (28) à reportagem do R7 que a Prefeitura de São Paulo deveria ter paralisado a obra, nem que fosse necessário chamar a polícia. Pelo menos oito pessoas morreram.
— Ela (prefeitura) é responsável pelo que estava acontecendo. Se a obra era irregular, era preciso paralisar a obra, nem que fosse preciso chamar a polícia na mesma hora. Mas isso não foi feito.
A opinião do advogado – que ainda deve definir se irá representar as famílias das vítimas – vai de encontro com as declarações do delegado-titular do 49º Distrito Policial, de São Mateus, Luiz Carlos Uzelin. De acordo com ele, se a prefeitura tivesse comunicado à polícia que a obra estava embargada e, mesmo assim, não paralisada, um inquérito teria sido aberto e o responsável pela obra poderia ser indiciado por desobediência.
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Ademar Gomes explicou ainda que cabem processos também contra o dono do terreno onde o prédio estava localizado, Mostafa Abdallah Mustafá, contra o Magazine Torra Torra, que havia firmado um contrato de locação da área, e contra a Salvatta Engenharia, empresa que realizada estudos e obras no imóvel que acabou desabando na última terça-feira (27).
— Creio que todos esses deverão ser ouvidos e indiciados. Cabe indenização às famílias contra todas essas partes, responsáveis em algum grau pelo que aconteceu em São Mateus. As indenizações de responsabilidade e de dano moral seriam as primeiras a serem pedidas para os familiares.
No mesmo dia da tragédia, o prefeito Fernando Haddad declarou à imprensa que “tudo estava errado” na obra em São Mateus e que tudo o que a prefeitura poderia fazer foi feito. Qualquer coisa além disso, segundo Haddad, só poderia ter sido feita com o auxilia da força policial. Procurada pelo R7 para esclarecer o motivo dos fiscais da prefeitura, após autuarem a obra irregular, não a paralisaram, a assessoria não respondeu até a publicação desta reportagem.
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