Primeiro dia de julgamento do acusado de matar Bianca Consoli tem bate-boca e troca de farpas
Três testemunhas foram ouvidas nesta terça-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda
São Paulo|Ana Cláudia Barros e Fernando Mellis, do R7
O primeiro dia do julgamento do motoboy Sandro Dota, acusado de estuprar e de matar a estudante Bianca Consoli, em 2011, foi marcado por trocas de farpas entre defesa e acusação. Em diferentes momentos, houve bate-boca entre as partes, os ânimos ficaram acirrados e a juíza Fernanda Afonso de Almeida precisou intervir. O júri começou nesta terça-feira (23), no Fórum Criminal da Barra Funda.
Durante o depoimento da segunda testemunha, a delegada Gisele Priscila Capello, que participou do início da investigação do caso, a magistrada chegou a falar para o advogado do réu, Ricardo Martins, que ele fizesse a pergunta e deixasse a testemunha responder.
— Falar em cima da testemunha não é agradável.
Foram ouvidos nesta terça-feira, além da delegada, o investigador Maurício Silva Vestyik e a mãe de Bianca, Marta Consoli.
Ao fim do primeiro dia, por volta das 22h15, a mãe da vítima avaliou como positivos os depoimentos.
— Eu acredito que hoje foi o primeiro dia de uma vitória que vai vir no final.
O assistente de acusação, Cristiano Medina, considerou “de extrema importância” a questão levada ao júri por Marta.
— Existia uma testemunha que estava sob sigilo. Essa testemunha não veio hoje porque, segundo a dona Marta, ela foi ameaçada por Sandro Dota.
A testemunha é uma amiga e confidente de Bianca e teria sido ameaçada logo após a audiência de instrução do caso, antes da decisão se Sandro Dota iria, ou não, a júri popular. Medina contou como teria sido a ameaça.
— Um indivíduo, amigo de Sandro, teria, segundo dona Marta, após a nossa última audiência, pego essa moça, colocado dentro de um carro, em contato telefônico com o Sandro dentro da cadeia. Segundo essa testemunha relatou para a dona Marta, o Sandro teria dito que, se porventura, ela viesse a depor hoje, iria acontecer pior com ela do que aconteceu com a Bianca.
Para o advogado Ricardo Martins, a versão contada no plenário foi “fantasiosa”.
— É possível também que ela não esteja falando a verdade. [...] Vamos dizer que seja verdadeiro que ela [testemunha] tenha presenciado o momento em que ele [Sandro] tenha dito para ela, “olha, que deliciosa que você é”. O que isso, de fato, tem a ver com o processo? Porque você afirmar é uma coisa, você ter base no processo é outra.
Martins também falou sobre o fato de, após não comparecer, a testemunha ter sido dispensada. Segundo ele, a ausência da amiga de Bianca pode ser vista como favorável à defesa.
— Se você não tem uma pessoa de tamanha importância para falar para os jurados isso, até para permitir que a defesa possa, de alguma forma, contraditá-la, perguntar algumas coisas, fica tudo muito subjetivo.
O crime
O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela, caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.
Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela jovem, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus.
Dentro da garganta da jovem, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a estudante.
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As investigações apontaram o motoboy Sandro Dota, cunhado da vítima, como o suposto autor do crime. Ele está preso desde o dia 12 de dezembro de 2011.
O motoboy nega as acusações e se diz inocente. Em julho do ano passado, ele foi para o Complexo Penitenciário de Tremembé, a 147 km de São Paulo. Dota alegou ter sofrido ameaças de morte no Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde estava. Por este motivo, a Justiça teria determinado sua transferência.
Em agosto do ano passado, a acusação de estupro foi incluída no processo contra Sandro Dota. A defesa do réu, entretanto, nega o crime e diz que o laudo do legista é inconclusivo. Para a polícia, o crime teve motivação sexual.
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