Reunião com metroviários termina sem acordo
Governo confirmou 42 demissões de grevistas; outros 13 casos estão sendo analisados
São Paulo|Fernando Mellis, do R7
No quinto dia de greve dos metroviários, uma reunião que indicava o possível fim à paralisação terminou mais uma vez sem acordo, na noite desta segunda-feira (9). A principal reivindicação do sindicato da categoria era o cancelamento da demissão de 42 funcionários. Mas o governo não aceitou e o impasse continua.
A reunião foi um pedido do superintendente regional do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio Medeiros. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Melo Prazeres; o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes; o presidente do Metrô, Luiz Antônio Carvalho Pacheco; e integrantes de centrais sindicais participaram do encontro.
Segundo Medeiros, o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, deu “sinal verde” para que a reunião de hoje acontecesse, com a possibilidade de um acordo. No entanto, quando o Palácio dos Bandeirantes foi consultado sobre readmitir os 42 funcionários, a resposta do governador foi não. Essa era a principal exigência dos grevistas.
Ao final do encontro, Prazeres disse que a intenção não era de uma greve de tantos dias, mas que agora o movimento será em função das demissões por justa causa.
— O problema é que de manhã muita gente não voltou. Ele [governo] não demitiu todo mundo. À tarde, a grande maioria não voltou e ele não demitiu todo mundo. A intenção do governo é demitir 42 trabalhadores e intimidar os metroviários.
Mesmo com o sindicato sinalizando que a paralisação vá continuar amanhã, o secretário Jurandir Fernandes tentou tranquilizar a população.
— É inadmissível a volta dos 42 demitidos. A greve está acabando, estamos com 77% das estações abertas.
Inicialmente, o governo divulgou que 60 funcionários seriam demitidos por justa causa. Nesta tarde, Fernandes explicou que estão oficializadas 42 demissões. Outros 13 casos estão sendo analisados. Os primeiros demitidos são funcionários que impediram que outros trabalhadores exercessem as atividades, cometeram atos de vandalismo ou utilizaram o sistema de som do Metrô de forma inadequada, de acordo com informações do secretário.
Decisão judicial
A greve dos metroviários foi julgada ontem e, por unanimidade, oito magistrados do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) consideraram a paralisação ilegal. Com essa decisão, a companhia pode demitir por justa causa e também descontar os dias parados. Também foi fixada uma multa de R$ 400 mil ao sindicato e mais R$ 500 mil por dia se os funcionários não voltassem ao trabalho imediatamente. Em assembleia, eles decidiram não retornar.
Os desembargadores também definiram que o reajuste da categoria será de 8,7%, limite máximo que o Metrô ofereceu durante as negociações. Os metroviários iniciaram a campanha salarial pedindo aumento de 35,47%, mas na última sexta-feira (6) chegaram a reduzir para 12,2%. A partir da sentença do TRT, até o ano que vem, o governo não fica mais obrigado a discutir questões econômicas com os trabalhadores.
Após tumulto em estação, 13 grevistas são levados para delegacia
Detidos
Treze grevistas foram levados na manhã de hoje para o 36° Distrito Policial (Vila Mariana) após tentarem impedir o funcionamento da estação Ana Rosa do Metrô, segundo a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública). A delegada Roberta Guerra disse que essas pessoas assinaram um termo circunstanciado e responderão judicialmente pelo artigo 201 do Código Penal — "Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo". Todos foram liberados.