“Se visse perigo, ele teria pedido a guarda”, diz advogado de pai de jovens mortas em SP
José Paulo da Silva Arruda revela que nada levava a crer que mãe pudesse cometer crime
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7
Marco Antonio Victorazzo, de 59 anos, jamais suspeitou que as filhas Paola Knorr Victorazzo, de 13 anos, e Giovanna Knorr Victorazzo, de 14, pudessem correr perigo ao morarem com a mãe, Mary Vieira Knorr, de 53. A informação é do advogado dele, José Paulo da Silva Arruda. Segundo ele, a ex-mulher de Marco nunca deu mostras de algum problema. Ainda assim, ela é a principal suspeita pela morte das adolescentes, no último fim de semana.
O pai das adolescentes, que é corretor de imóveis em Cotia, na Grande São Paulo, não pretende dar entrevistas até a conclusão do inquérito policial. Mas, de acordo com o advogado, ele já prestou declarações preliminares a policiais do 14º Distrito Policial, o que foi confirmado por Gilmar Contrera, delegado-titular do DP e responsável pelas investigações. Arruda corroborou o que foi dito pelo pai: que Mary não parecia ter algum problema.
— Eles tinham uma boa relação. Ele não tinha nenhum problema (com Mary), tanto que ela precisava e ele ajudava, independente de pagar a pensão das filhas ele, se ela precisasse de mantimento ou qualquer coisa ele ajudava, não tinha problema com relação a isso. Se ela tivesse algum problema na parte psiquiátrica ou psicológica, ou que afetasse alguma coisa da saúde dela, ele já teria pedido a guarda das filhas há muito tempo.
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O casal se separou há oito anos, conforme informou Arruda. Desde o início, a guarda das meninas ficou com a mãe, mas o pai as via pelo menos uma vez a cada 20 dias e falava quase todos os dias com elas. Giovanna, a mais velha, era a que mais ligava para o pai. Nos dias que antecederam o crime, em nenhum momento a adolescente apresentou qualquer tipo de queixa ao pai.
— Se não me engano a última vez que eles conversaram foi na quarta-feira. As filhas ligavam pra ele quase todos os dias. Geralmente a mais velha, a Giovanna, ligava mais. Precisando de alguma coisa elas estavam sempre em contato com ele. Quando não falavam todo dia, elas estavam ligando a cada um, dois dias. Se (Giovanna) tivesse relatado alguma coisa, algum maltrato, o pai já teria tomado alguma providência, porque para o Marco as filhas eram tudo.
Por ora, Marco Antonio Victorazzo prefere não pensar a respeito da autoria do crime ter sido da própria mãe das meninas. Embora o delegado responsável pelo casa veja indícios que levem a isso, o pai de Paola e Giovanna vai aguardar antes de divulgar uma opinião.
— Ele não tem como afirmar (se foi a mãe ou não). O que ele quer saber é o que aconteceu. Acho que é isso que todo mundo quer descobrir nesse momento. Lógico, em um primeiro momento existem muitos indícios pra isso, mas pra um pai, que não tinha nenhum problema com a mãe, as filhas não relatavam nenhum problema com relação à mãe, isso o deixou atônito. Ele não sabe o que cogitar nessa situação.
A polícia espera ouvir Mary Knorr ainda nesta semana, mas ela segue internada no HU (Hospital Universitário) da USP, sem previsão de alta. Marco Antonio também pode ser chamado nos próximos dias, segundo o advogado. O pai espera que a ex-mulher possa responder às questões que ainda intrigam a todos sobre o caso.
— Ele quer aguardar o inquérito para poder entender o que aconteceu. Se começar a especular, vamos achar uma série de teorias. No final do inquérito esperamos que fique apontado o que aconteceu. O principal depoimento vai ser o dela. Se ele imaginasse que as filhas estavam correndo risco, ele já teria pedido a guarda há muito tempo atrás.
Advogado desconhece processos contra o pai e a ex
O delegado Gilmar Contreras disse ao R7 nesta quarta-feira (18) que Mary Knorr responde por ações judiciais registradas em 2013 por estelionato e apropriação indébita, e que a dívida dela alcançaria a marca de R$ 200 mil. Além disso, o nome dela está associado a outros processos, alguns deles já extintos, ao lado do ex-marido, Marco Antonio Victorazzo.
Em consulta ao site do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), em pelo menos dois processos o pai das jovens aparece como indiciado, ao lado de Mary. As ações datam de 2001, quando eles ainda eram casados. Questionado sobre o tema, José Paulo da Silva Arruda disse desconhecer o envolvimento de Marco em processos ao lado de Mary.
Vale lembrar que a mãe das adolescentes atuava como corretora de imóveis, mas não possui registro junto ao Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo). Já Marco atua na área e possui registro no mesmo órgão, segundo consulta pública disponível no site oficial do conselho.