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Sem home office, periferia se expõe mais no transporte público

Aglomerações no transporte público são o maior foco de disseminação do coronavírus

São Paulo|Do R7, com informações da Agência Estado

População de São Paulo se expõe ao usar o transporte público
População de São Paulo se expõe ao usar o transporte público População de São Paulo se expõe ao usar o transporte público (Edson Lopes Jr./R7 - 12.04.2021)

A pandemia trouxe o temor do contágio aos usuários do transporte público, que sofrem com ventilação insuficiente, tempo de exposição alto e distanciamento social impossível de praticar em São Paulo.

O paulistano que mora na periferia pouco teve a possibilidade de aderir ao "fique em casa" e, majoritariamente dependente do transporte coletivo, enfrenta dificuldades para escapar da transmissão do coronavírus.

No caso de usuários de ônibus, por exemplo, um levantamento do laboratório de visualização urbana MedidaSP, com dados de todo 2020, mostra que linhas das zonas leste e sul estão com um número de passageiros próximo ao pré-pandemia.

Em uma linha que vai do distrito da Pedreira até a Estação Jurubatuba, da CPTM, na zona sul, a quantidade de passageiros até superou a do período anterior à pandemia. Por outro lado, um coletivo que sai da Aclimação, no centro, até Perdizes, zona oeste, está atendendo 30,6% da demanda usual.

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O urbanista Bernardo Loureiro, criador do MedidaSP, lembra que o isolamento de passageiros de ônibus chegou a quase 70% no início da quarentena, mas ficou em 26% em dezembro, puxado para baixo especialmente pela periferia. Isso se torna um fator de maior destaque porque o transporte coletivo segue com redução de veículos em circulação (cerca de 88% do total em dia útil). "Se está mais ou menos a mesma quantidade de pessoas do que era antes da pandemia e a frota está menor, então vai estar mais lotado", diz Loureiro.

É o que relata o assistente financeiro Igor Esteves de Jesus, de 28 anos, que pega ônibus, trem e metrô para ir de São Miguel Paulista, na zona leste, até o trabalho, na avenida Faria Lima, zona oeste. "Parece que o coronavírus só não existe para quem está de home office ou tem muito dinheiro."

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Para ele, a situação é revoltante, tanto que postou imagens nas redes sociais de um vagão de trem em que os passageiros ficavam comprimidos. "No espaço em que caberia uma pessoa vão cinco. Em Itaquera, tem de entrar empurrando, não tem como se mover. Eu me sinto bem impotente, não acho justo. Não tive covid por sorte."

Uma pesquisa de setembro da Rede Nossa São Paulo com Ibope Inteligência mostra que a população com mais de 16 anos gasta 1h56 no transporte coletivo. Por outro lado, 35% não está se deslocando para trabalhar. Desses, 52% têm renda superior a 5 salários mínimos.

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No caso da analista contábil Mariza Santos, de 32 anos, são 2h30 do distrito de Parelheiros, no extremo sul, até as imediações do Aeroporto de Congonhas. Como "qualquer horário é horário de pico", passa álcool em gel o tempo todo. "Chego ao trabalho e já vou lavar as mãos e trocar de máscara."

Pós-doutoranda em Ciências Atmosféricas na USP, Milena Ponczek defende que os passageiros estejam em assentos intercalados e haja troca de ar. E ressalta: "Não importa ter recirculação de ar, janela aberta, se estiver superlotado". 

Outro lado

A SMT (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) afirma que desde o início da pandemia adotou a Operação Monitorada, com avaliação sistemática a cada faixa de horário, para atender a demanda de passageiros.

Em março de 2020 a demanda caiu 80% em relação a um dia normal e na semana passada – último dado disponível - a queda foi de 61%, na média, entre as três empresas - Metrô, CPTM e EMTU. Antes da pandemia, as empresas transportavam juntas cerca de 10,5 milhões de passageiros por dia, segundo a SMT. A secretaria informa ainda que Plano SP recomenda o escalonamento de entrada e saída de funcionários em atividades essenciais para evitar a concentração nos horários de pico.

A frota de ônibus das linhas municipais da cidade de São Paulo foi mantida acima da demanda apresentada desde o início da pandemia, em março de 2020, informa a prefeitura, por meio da SPTrans. "No momento, a frota do sistema de transportes está mantida em 93,34% nos bairros mais afastados do centro e em 88,25% em toda a cidade, para uma demanda de menos da metade", diz o órgão.

Segundo a SPTrans, em comparação com um dia útil antes da pandemia, a demanda de passageiros dos ônibus municipais caiu de 61% na semana anterior ao retorno da fase vermelha (em 2 de março), para uma média de 39% nos dias 26, 29, 30 e 31 de março e 1º de abril, feriados antecipados. Nesta sexta-feira (9 de abril), Fase Emergencial, a demanda foi de 48%.

O órgão informa ainda que a equipe técnica da SPTrans monitora diariamente o deslocamento do passageiro na capital com o objetivo de equilibrar a oferta à demanda.

Uma série de medidas preventivas também foram adotadas, como a obrigatoriedade do uso de máscaras por passageiros, motoristas e cobradores, o reforço na higienização dos veículos e nos terminais. Além de reforço da da limpeza já realizada diariamente nas garagens em todos os ônibus, a higienização dos ônibus é reforçada entre as viagens, nos terminais municipais, principalmente nos locais onde há contato mais frequente dos passageiros, como balaústres, corrimãos e assentos.

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