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Sentávamos no tapete e dividíamos os montinhos de dinheiro, conta ex-mulher de fiscal

Em entrevista à IstoÉ, Vanessa Alcântara conta como operava o esquema de corrupção em SP

São Paulo|Do R7

Testemunha-chave da investigação da quadrilha de auditores que desviou dinheiro da Prefeitura de São Paulo, Vanessa Alcântara, ex-companheira de Luís Alexandre Magalhães, um dos quatro fiscais presos, revelou, em entrevista à revista IstoÉ, como o grupo do ex-marido operava.

Ela entregou à CGM (Corregedoria-Geral do Município), ao Ministério Público Estadual e à polícia uma pasta recheada com 150 folhas de documentos que comprovavam a participação do ex-companheiro no esquema de fraude no recolhimento de tributos e gravações que revelaram os bastidores do esquema.

— Eu alertei os investigadores sobre quem era quem. O grupo não sabia que estava com os telefones grampeados. Contei que o Luís Alexandre tinha horror à cadeia e que o monitorassem com muita atenção, pois ele sempre disse que iria denunciar todo mundo se um dia o esquema ruísse.

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Segundo a revista, a investigação sobre o escândalo do pagamento de propina a auditores fiscais da Prefeitura de São Paulo, operado por grandes incorporadoras em troca de desconto no recolhimento de tributos, subiu alguns andares na semana passada e chegou à porta do ex-prefeito Gilberto Kassab.


Em conversas telefônicas interceptadas pela polícia, com autorização da Justiça, um dos auditores fiscais do esquema afirma que o secretário e o prefeito com quem trabalhou “tinham ciência de tudo”.

Na entrevista, Vanessa relembra passeios de iate, jantares caríssimos regados pelos melhores vinhos e fins de semana em luxuosos hotéis. A proximidade fez com que a ex-companheira se familiarizasse com a maneira de agir dos integrantes da quadrilha.


Ela contou que ficava com Luís Alexandre no tapete de casa, espalhavam a dinheirama da propina e separavam em pacotinhos iguais para os quatro integrantes do esquema.

Na entrevista, ela conta que nos últimos dois meses refugiou-se no silêncio. Nesse tempo, manteve conversas com integrantes da máfia fazendo uma espécie de jogo duplo.

— Simulei pedidos de carros. O grupo discutiu a compra do meu próprio bebê, enfim, tudo para comprar meu silêncio. Se deram mal. Comemorei a prisão deles como um gol.

A fraude na arrecadação dos impostos, que consistia no pagamento de propina em troca de abatimento para construtoras em taxas como o ISS, provocou um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões nos cofres públicos. Pelo menos cinco secretarias estariam envolvidas: Cultura, Meio Ambiente, Subprefeituras, Finanças e Habitação.

Vanessa conta à IstoÉ que Luis “adorava vangloriar-se que era corrupto. Ele adorava ser o mafioso, o bandido grandioso e esperto. O Luís gosta tanto do mundo do crime que, sobre a mesa do nosso escritório, ele mantinha um boneco do Al Capone”.

— Luís chegava em casa com mochilas cheias de dinheiro. Quando os blocos de dinheiro chegavam desorganizados, nós sentávamos no tapete de casa, espalhávamos aquela dinheirama e separávamos em pacotinhos iguais para os quatro do esquema.

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