Sindicato diz que defenderá movimento grevista caso haja punição
Motoristas e cobradores de ônibus se opuseram à entidade e cruzaram os braços por dois dias
São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Motoristas e cobradores que aderiram à paralisação de ônibus em São Paulo, opondo-se ao sindicato da categoria, poderão ter os dias em que ficaram parados descontados e até serem demitidos por justa causa, se a Justiça do Trabalho julgar a greve abusiva. Em entrevista ao R7, o presidente do Sindmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos, conhecido como Noventa, disse que a entidade vai lutar para evitar que os opositores sejam penalizados.
— É o nosso papel defender os companheiros. Eles não podem fazer um ato desses sendo que eles têm uma entidade de classe que eles elegeram. Mesmo que eles estejam errados, nós vamos tentar defender, até para conscientizar o trabalhador da importância do sindicato na sua vida e no seu dia a dia.
O movimento foi iniciado por um grupo descontente com o sindicato da categoria. Eles diziam não concordar com o que foi aprovado na assembleia da última segunda-feira (19). O advogado que representa as empresas de ônibus, Antônio Roberto Pavani Júnior, disse que os patrões não abrem mão da punição.
— Nós temos aqui no Brasil a unicidade sindical. Se eles têm dissidência ou discordância com a diretoria, eles têm que discutir internamente nas assembleias do sindicato, na hora de eleger os seus representantes e não discutir da forma que foi feita, parando e colocando as empresas e a população na situação que ficaram, sem qualquer aviso e na forma abrupta que foi. Esse tipo de movimento abrupto e irresponsável não pode passar despercebido na cidade.
A lei estabelece que, para ser considerada legal, a paralisação deve ser aprovada em assembleia, avisada com antecedência aos empregadores e, no caso de serviço essencial, como os ônibus, que seja mantido um percentual de coletivos circulando. O movimento grevista não cumpriu nenhuma dessas exigências.
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Inclusão
O grupo dissidente afirmava não ter sido representado pelo sindicato. Noventa disse que o movimento grevista será incluído nas negociações futuras como uma forma de aproximação.
— Quando a gente aprovou na assembleia a proposta, o último item que a gente colocou em votação foi a comissão tripartite já para negociar a PLR [participação nos lucros e resultados] do ano que vem; a questão dos funcionários da manutenção; o abono para os motoristas que dirigem ônibus articulados, biarticulados e trólebus; e vamos discutir a questão do convênio médico. Só não tínhamos montado a comissão. Agora vamos montar e colocar esse pessoal [movimento grevista] para participar, até para eles verem a dificuldade que é uma negociação com o setor patronal.
Próximos passos
A greve será julgada na próxima segunda-feira (26) no TRT (Tribunal Regional do Trabalho). O presidente do sindicato espera que não haja novas paralisações a partir de agora.
— Eu quero acreditar que esses que participaram estão convencidos. A gente sabe que a decisão jamais vai ser favorável àquele movimento. Não é do jeito que eles [grevistas] pensam. Agora, depois da reunião no Ministério do Trabalho e no TRT, eles vão falar as consequências para os outros trabalhadores.
Continua valendo a liminar da desembargadora Rilma Aparecida Hemetério, que obriga 75% da frota de cada linha a operar em caso de paralisação. A decisão estipula multa para quem descumpri-la.
A entidade também quer marcar uma reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT) para discutir as reivindicações dos trabalhadores. O encontro está sendo intermediado também pela UGT (União Geral dos Trabalhadores) e pela Superintendência do Ministério do Trabalho em São Paulo.















