Sistema de rodízio deve ser próximo passo para combater a seca, diz secretário
Benedito Braga, no entanto, não confirmou se medida será realmente adotada em São Paulo
São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7
O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga, afirmou, nesta sexta-feira (6), que numa situação em que a redução de pressão atingir o limite e não for mais suficiente, a próxima opção é o sistema de rodízio. A afirmação foi feita durante o seminário “A Crise Hídrica e seu Plano de Contingência”, na Fecomercio-SP (Federação do Comércio de São Paulo).
— Agora, se vai ser amanhã, eu não sei. Vê primeiro se é possível fazer. Tudo isso requer estudo, análise. Eu estou estudando todas as possibilidades.
Braga ressaltou que não está declarando “oficialmente" o rodízio, mas disse que “temos que estar preparados para uma situação difícil”. Ainda segundo ele, população será avisada com antecedência.
— Se fevereiro for muito chuvoso, para que eu vou incomodar as pessoas com o sistema de rodízio? [Se for ocorrer], a população será avisada com devida antecedência, onde e quando. Será dada total transparência.
Redução de pressão
O gerente de planejamento de recursos hídricos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Marcel Costa, informou que a redução de pressão já está perto do limite, o que aumenta as chances de o rodízio ser implementado logo.
— Redução de pressão evitou uma situação caótica, mas ela tem limite e hoje estamos perto do limite.
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Atualmente, São Paulo vive um momento de redução de pressão da água em todos os bairros, o que evita contaminação e perdas maiores ao longo do sistema por causa de canos estourados. Ainda de acordo com Benedito, “o segundo ano está vindo pior do que o primeiro”, numa comparação de 2014 com 2015 no enfrentamento da seca.
— Todas as ações necessárias serão tomadas, sejam elas quais forem.
Com uma situação climática considerada por Benedito como “inusitada”, medidas no curto, médio e longo prazo serão tomadas. Mas, para agora, a única iniciativa que pode contribuir de forma mais rápida é a diminuição do consumo.
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Califórnia e Cingapura
O Estado também está olhando para experiências que deram certo fora do País e irá recorrer principalmente a prática do reuso.
Dentre os exemplos citados pelo secretário está tratar a água da estação de esgoto no município de Barueri, que abastece a maior parte da cidade de São Paulo, e colocar para uso.
— A Califórnia [Estados Unidos] usa esse sistema porque é uma região semi-árida. Você deixa a água numa qualidade muito boa, passa na estação de tratamento e é jogada para uso.
O secretário também citou o exemplo da cidade de Cingapura, no sudeste asiático.
— Cingapura, por exemplo, 30% da água potável vem de esgoto. Essa água é injetada na rede. Eu já tomei essa água e não tem problema. É uma água absolutamente potável.
Reforço no Cantareira
Para reforçar o sistema Cantareira, que abastece 55% da Região Metropolitana do Estado de São Paulo, uma obra prevista para 2016, pretende captar 5,1 m³/s no reservatório Jaguari, em Paraíba do Sul.
A boa notícia, por enquanto, é a de que após as chuvas que atingiram São Paulo nesta semana, nível do sistema Cantareira subiu de 5,2% para 5,4%, segundo balanço da Sabesp divulgado nesta sexta-feira (6).