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Mesmo com aumento de preço acima da inflação, corrida por água mineral em SP cresce  

Com calor e possibilidade de rodízio, paulistano armazena galões em casa 

São Paulo|Ana Cláudia Barros e Vanessa Beltrão, do R7

Procura pelos vasilhames também é grande, segundo estabelecimentos
Procura pelos vasilhames também é grande, segundo estabelecimentos Procura pelos vasilhames também é grande, segundo estabelecimentos

O acirramento da crise hídrica em São Paulo, associado aos dias de calor registrados nas últimas semanas, alavancou as vendas de água mineral no município. O R7 esteve em distribuidoras de diferentes regiões da cidade, e verificou que houve aumento na procura pelo produto, especialmente, os chamados galões completos (vasilhame com capacidade para 20 l junto com a água). A ideia não é só adquirir o líquido, mas ter como armazená-lo nos dias de torneiras secas.

A declaração do diretor metropolitano da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Paulo Massato que, no dia 27 de janeiro, cogitou a possibilidade de um rodízio "drástico" — segundo ele, seriam necessários dois dias com água e cinco dias sem água —, deixou em alerta muitos consumidores. Elizeu Barbosa dos Santos, 32 anos, gerente da distribuidora Master Águas, nos Jardins, zona sul, relaciona as notícias sobre o agravamento do problema com o crescimento da demanda.

De acordo com ele, em janeiro, a distribuidora passou a vender cerca de 30% a mais do que o que costumava.

— O pessoal quer comprar o vasilhame com a água, porque quer reutilizá-lo para armazenar água da torneira. Outro dia, um cliente pediu 150 garrafões de 20 l. Falei para ele que não vendia. A gente não tem essa mercadoria toda. Se vender muito para uma pessoa só, falta para outro. Pretendo não trabalhar assim.

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A relação de causa e efeito estabelecida pela Lei de mercado da Oferta e da Procura já afeta o bolso do paulistano. Dados do IPC-FIPE (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), responsável por medir a inflação na cidade de São Paulo, mostram que ficou mais caro para quem vive no município saciar a sede. Conforme o levantamento, o preço da água mineral subiu 14,68% em 2014, na comparação com 2013. Na prática, isso quer dizer que o consumidor que pagava, por exemplo, R$ 10 por um galão de água mineral de 20 l em 2013, passou a comprá-lo por cerca de R$ 11,40 (um aumento de R$ 1,40) no ano passado.

O coordenador do IPC-Fipe André Chagas comenta que a variação de 14,68% foi superior à inflação anual registrada na capital paulista, que ficou em 5,20% em 2014.

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— Quase três vezes mais, um aumento bem grande. A inflação é sempre uma média, tem itens que estão subindo mais e tem subindo menos. A água foi um item que estourou para mais. Bebidas de maneira geral.

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Estoque e validade

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Edson do Nascimento, gerente do Oliveira Águas, 56 anos, na Vila Romana, zona oeste, destaca que água mineral tem prazo de validade de três meses e que fica imprópria para consumo após o período.

— Não adianta adquirir 50, 60 galões.

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Na distribuidora onde trabalha, as vendas cresceram entre 15 e 20% com o agravamento da seca. Atualmente, o estabelecimento chega a comercializar 600 galões por dia.

— Aumentou tudo. Até a procura por garrafinhas descartáveis. Mas a procura pelos galões de 20 l é maior, porque muita gente quer estocar. Tem cliente estocando de monte. O desespero do pessoal é grande.

Ele explica que as vendas no período de férias costumam fechar em queda, mas que neste ano, a situação tem se mostrado atípica.

— Está certo que no calor é comum vender mais água. Agora, janeiro, fevereiro é época de férias. As vendas caem, mas neste ano, estão aumentando.

Com maior movimento, a distribuidora está sendo obrigada a reforçar o quadro de profissionais.

— Agora, estamos contratando um motorista a mais, porque a demanda aumentou.

Antônio César, 56 anos, motorista e entregador da distribuidora Paraíso das Águas, na Vila Maria, zona norte, conta que as vendas no estabelecimento esquentaram em dezembro e passaram de 150 galões/ dia para aproximadamente 250.

— Já teve gente querendo comprar até 20 galões. Mas nessa época, nós não tínhamos nem galões e nem água. Foi no fim de dezembro, no auge.

Segundo ele, há três semanas, quando foram registrados dias de muito calor, o estabelecimento teve dificuldade para atender a demanda.

— Você só comprava vasilhame com 30, 40 dias de espera. Agora, está estabilizando.

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Medida do governo

Na tentativa de frear o aumento do valor cobrado sobre a água mineral, nesta semana, o governo do Estado de São Paulo assinou decreto instituindo a redução de 18% para 7% do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para galões de 10 e 20 litros. O produto, que antes integrava a categoria de "bebida fria", será classificado como "alimento", o que pode colocá-lo como item da cesta básica.

O decreto é visto com ressalvas. Em seu site, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) destaca que a medida "só reverterá em benefício ao consumidor se houver real diminuição do preço". Na avaliação do instituto, ela precisa de melhor planejamento, pois tem que estar integrada a uma rede de soluções e planos emergenciais e, sozinha, permanece rasa.

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