Suspeitos de matar menino boliviano podem ter morrido por envenenamento dentro de presídio
Polícia quer saber se ordem para matar dupla partiu de facção criminosa
São Paulo|Do Jornal da Record
A Polícia Civil investiga se as mortes de dois suspeitos de matar o menino Brayan Yanarico Capcha, de cinco anos, foram ordenadas por alguma facção criminosa. Eles foram encontrados sem vida no Centro de Detenção Provisória de Santo André, no Grande ABC. A suspeita é de que a dupla possa ter sido envenenada.
Paulo Ricardo Martins, de 19 anos, e Felipe dos Santos Lima, de 18, estavam em prisão preventiva enquanto esperavam o julgamento. Eles chegaram ao local havia quatro dias. Antes, cumpriam prisão temporária numa carceragem da Polícia Civil. No total, cinco pessoas participaram do assalto. O grupo invadiu a casa da família boliviana e roubou R$ 4.500 durante a ação, o garoto Brayan chorava muito e irritou os criminosos. Um deles atirou no menino, que morreu na hora.
A dupla chegou a ser socorrida e levada à enfermaria da cadeia, mas já chegaram ao posto médico sem vida. A Corregedoria da Secretaria da Administração Penitenciária também vai apurar o caso.
Quem atirou no garoto foi Diego Freitas Campos, que ainda está foragido. Chegou-se a suspeitar de que um corpo encontrado neste sábado (31), em São Caetano do Sul, também no ABC, pudesse ser dele. No entanto, a polícia descartou a possibilidade. O quinto envolvido no crime é um adolescente que está numa unidade da Fundação Casa.
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O crime
Na madrugada de 28 de junho, o bando invadiu a casa dos pais de Brayan, em São Mateus, na zona leste, para fazer um assalto. Os bandidos já haviam pegado R$ 4.500, quando o menino começou a chorar. Irritado com a reação da criança e com o fato de os pais não terem mais dinheiro, Diego Freitas Campos, de 19 anos, teria atirado na cabeça de Bryan. Antes, o menino implorou: "Não quero morrer, não matem minha mãe". Mas o ladrão, que havia mandado a mãe calar a criança, apertou o gatilho.
Antes de levar um tiro na cabeça, o menino Brayan havia entregado aos assaltantes as moedinhas que mantinha em um pequeno cofre em casa. Segundo a advogada Patrícia Veiga, representante do Consulado da Bolívia que ajudou a família do garoto a resolver a burocracia relacionada ao traslado do corpo, Brayan chegou a dizer "toma la plata [pegue o dinheiro]" aos bandidos ao entregar sua pequena economia — o que não evitou que fosse morto.
Outros bolivianos que estavam no velório do garoto neste domingo (30), no cemitério São Judas Tadeu, em Guarulhos, fizeram uma vaquinha para arrecadar fundos à família, que voltou para a Bolívia sem um tostão, uma vez que a economia feita em seis meses, R$ 4.500, foi levada. Os conterrâneos dos pais do garoto foram ao velório em ônibus alugados pelo consulado, que também arcou com os custos do traslado do corpo de volta à Bolívia. O embarque aconteceu na última segunda-feira (1º).
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