"Vi policial mirar em mim", diz repórter atingida no rosto por bala de borracha
Giuliana Vallone afirma que teve uma hemorragia no olho por causa da pancada
São Paulo|Do R7
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone, uma das jornalistas feridas durante a cobertura do protesto contra o aumento de tarifa da passagem na noite desta quinta-feira (13) no centro de São Paulo, divulgou em sua página do Facebook um texto sobre a violência sofrida durante a manifestação.
— Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.
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Giuliana levou um tiro de bala de borracha no olho durante a manifestação. Em depoimento na rede social, ela afirmou que passou a noite em observação no hospital. A repórter disse também que, apesar de ter sofrido uma hemorragia por causa da pancada, não sofreu fraturas nem danos neurológicos.
No Facebook, ela relatou o que aconteceu e disse que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência.
— Já tinha saído da zona de conflito principal — na Consolação, quando fui atingida. Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua.
Giuliana afirma que tentou ajudar uma mulher perdida e, quando foi checar se o Batalhão de Choque estava indo embora, a agressão aconteceu.
— Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena.
Profissionais feridos
Ao menos 16 profissionais da imprensa ficaram feridos. A reportagem do Estado, que se identificou antes da ação, também foi alvo dos PMs. Os repórteres Bruno Ribeiro e Renato Vieira foram atingidos por bombas de gás. O fotógrafo da Folha de S. Paulo Fábio Braga foi alvo de três disparos.
— A polícia mirou em cima de mim.
O fotógrafo Sérgio Silva, da Futura Press, também foi atingido com um tiro de borracha em um dos olhos. Ele passou por cirurgia no Hospital Nove de Julho e tem 90% de risco de perder a visão. Sete jornalistas da Folha de S. Paulo ficaram feridos.
Em nota, o jornal repudiou "toda forma de violência" e protestou "contra a falta de discernimento da PM no episódio". O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, determinou a apuração dos episódios com profissionais da imprensa. O jornalista Piero Locatelli, da revista Carta Capital, foi detido por portar uma garrafa de vinagre. Levado ao 78º Departamento de Polícia (Jardins), ele acabou liberado à noite.