Argentino do Mais Médicos é investigado por suspeita de ter receitado superdosagem de remédio no RS
Ministério da Saúde está acompanhando caso no município de Tramandaí
Saúde|Do R7*
A imagem de uma suposta receita de superdosagem de um antibiótico, prescrita pelo médico argentino Juan Pablo Cajazus, do município de Tramandaí (RS), foi publicada nas redes sociais e deu munição para os críticos do programa Mais Médicos. Em um primeiro momento, o Ministério da Saúde negou pelo Twitter que o profissional fazia parte do programa de reforço do quadro de médicos no País. Nesta terça-feira (15), no entanto, o ministério confirmou a inscrição do médico no programa, em um comunicado enviado ao R7.
De acordo com o CRM-RS (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul), a prescrição de um comprimido de 500 mg do antibiótico Azitromicin — indicado para o tratamento de infecções do trato respiratório — a cada oito horas é considerada uma superdosagem. Era esse o teor da suposta receita, cuja imagem foi compartilhada pelas redes sociais. Essa dose elevada do remédio pode causar problemas no fígado, rins e no aparelho digestivo. Segundo o CRM, o correto é ingerir um comprimido por dia, durante três dias, mas nunca a cada oito horas. Se a doença persistir, o uso do medicamento é prolongado por mais dois dias.
Após a informação da possível prescrição inadequada do antibiótico, o Ministério da Saúde enviou um médico supervisor vinculado ao programa a Tramandaí para acompanhar e avaliar a atuação do médico argentino. Em nota ao R7, o ministério afirma que “os médicos com registro no Brasil, inclusive os profissionais com registro provisório devido à participação no Mais Médicos, estão sujeitos à fiscalização estabelecida pelo Conselho Regional de Medicina em que estiver inscrito, conforme legislação aplicável”.
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Segundo o presidente do CRM-RS, Fernando Matos, o conselho vai abrir uma sindicância, nesta terça-feira, para juntar provas e investigar se, de fato, a suposta receita foi prescrita pelo médico argentino. Durante a investigação, tanto o paciente quanto o profissional terão o direito de apresentar as suas respectivas versões da história.
— Além da análise, vamos solicitar à central do programa Mais Médicos do Estado o endereço de trabalho e o nome do médico supervisor de todos os profissionais inscritos aqui no conselho, já que, até agora, essa medida ainda não foi realizada.
Ao finalizar a sindicância, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul vai encaminhar um relatório final para que o ministério tome as providências corretas.
— Em relação ao programa Mais Médicos, cabe ao conselho apenas avaliar e analisar a veracidade da história, e não julgá-la.
O Ministério da Saúde avisa que, de acordo com o Código de Ética Médica, o médico que cometer faltas graves, a ponto de aumentar o risco de danos irreparáveis ao paciente ou à sociedade, poderá ter o exercício profissional suspenso mediante o procedimento administrativo específico.
* Camila Savioli, estagiária do R7