Casal prepara o filho para vacinação contra HPV: "Hoje tem menino de 13 anos que é até pai"
Marcos e Ana Lúcia atuam na Saúde no Rio e alertam Lucas sobre perigos de uma DST
Saúde|Eugenio Goussinsky, do R7
Cuidados com a saúde sempre estiveram presentes na vida do carioca Marcos Felipe dos Santos, 52 anos, e de sua mulher, Ana Lúcia, 54 anos. Ele é administrador hospitalar por formação e ela, enfermeira. Ambos trabalham em órgãos ligados à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Até parecia que toda a cartilha aprendida pelos dois tinha um outro objetivo, além do de atender ao público necessitado: entender a importância de cuidar de um filho, a partir do nascimento de Lucas Mateus, hoje com 13 anos. A prática, então, se voltou para o próprio lar. Por isso o pai não tem dúvidas. No máximo até o fim da próxima semana, voltando de viagem, o filho estará vacinado contra o vírus HPV.
— Hoje tem menino de 13 anos que é até pai. A gente cria os filhos hoje de outra maneira, antigamente não havia a mesma preocupação. Os pais criavam os filhos para ficarem presos debaixo da saia deles, hoje em dia as crianças têm muito mais raciocínio e inteligência do que as crianças da minha época. Para nós é muito natural conversar com ele sobre a importância da vacina. Não é um problema, é uma solução.
O conhecimento de Ana Lúcia em relação a isso aumentou. Ela trabalha no Centro Municipal de Saúde Hamilton Land, em Cidade de Deus, no Rio. E será lá que Lucas receberá a vacina, aplicada pela própria mãe.
Santos, que atualmente é assessor na SUBPAV (Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde) do município do Rio de Janeiro, diz que, independentemente de quem aplica a vacina, o filho sempre teve um bom comportamento ao receber a aplicação.
— Desde criança ele nunca teve problemas para se vacinar. O cartão de vacinação está em dia, sempre foi uma preocupação nossa seguir todas as recomendações. Às vezes dava uma carrinho para ele para premiá-lo e incentivá-lo. Hoje isso não é preciso, a conversa sobre a importância dos cuidados em relação a qualquer DST (doença sexualmente transmissível) é suficiente.
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O mesmo perfil
Segundo Santos, o garoto se enquadra perfeitamente no perfil de menino definido para receber a vacina contra HPV, que em 2017 passa também a ser direcionada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) aos meninos com idades de 12 e 13 anos. Lucas ainda não iniciou a vida sexual, conforme diz o pai, mas é necessário ele ter consciência de que, em breve, irá entrar nessa nova etapa. E precisa estar preparado para isso.
— Ele ainda é meio inocente em relação a relacionamento com namoradas, mas, mesmo assim, a gente conversa e alerta. É preferível que a gente passe todas as informações do que ele aprenda, nem sempre da maneira correta, com os colegas da própria escola. Não deixamos de passar tudo para ele, explicar o que são doenças sexualmente transmissíveis, causas e efeitos, para ele ter uma noção quando iniciar sua vida sexual.
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Santos mostra estar tão engajado na iniciativa que pretende apoiar uma campanha junto aos colegas do filho, no colégio particular Ícone, onde Lucas estuda, no bairro de Jacarepaguá, zona oeste da capital carioca. E, se necessário, até conversar com os pais mais reticentes a levar os filhos ao posto de saúde.
— Vou pedir que ele traga bastante panfletos para levar na escola e entregar para o pessoal de sua idade. Isso é importante. Sempre tem aqueles pais que não querem dar a vacina, falam de efeitos colaterais, que se trata de coisa nova e criam uma barreira. Essas informações equivocadas precisam de um esclarecimento.