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Dose dupla: vacinação contra HPV nos meninos previne doenças e auxilia na imunização das meninas 

Além de proteger contra doenças como câncer de pênis, vacina diminui população infectada

Saúde|Eugenio Goussinsky, do R7

Inclusão de meninos na vacinação é início de nova etapa
Inclusão de meninos na vacinação é início de nova etapa

A ampliação da vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) para os meninos pelo Ministério da Saúde iniciada essa semana no Brasil é uma nova etapa na estratégia de diminuir as doenças sexualmente transmissíveis pelo vírus. A partir de 2017, seis milhões de doses estarão disponíveis, nas unidades da rede pública brasileira, para meninos de 12 e 13 anos. Segundo a pediatra Flávia Bravo, presidente regional da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), no Rio de Janeiro, a imunização é uma maneira de os pais encararem a sexualidade de seus filhos, para que os jovens iniciem mais preparados a vida sexual. A situação também vale para as meninas, que desde 2014 vêm recebendo a vacina.

— Estudos mostram que não há relação entre a vacinação e o início da vida sexual. Temos de abrir o olho e saber que nossos filhos vão iniciar a vida sexual na adolescência, não adianta negar, independentemente de estar vacinado ou não. Se eu quero proteger meu filho, é melhor ele se vacinar antes que entre em contato com o vírus e, quanto mais novo ele for, melhor será a resposta à vacina. A idade estipulada tem a ver com isso.

Para o infecto pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm, após o Ministério da Saúde ter priorizado as meninas — em função da alta incidência de HPV nos casos de câncer de colo de útero (são 16 mil novos no Brasil, com algo em torno de 5.000 mortes) — uma nova etapa se inicia com a inclusão dos meninos para receberem as doses disponíveis em unidades do SUS (Sistema Único de Saúde).

— O que se tem demonstrado nos outros países, e o Brasil é o sétimo país do mundo que introduz a vacina no sexo masculino, é que, quando se associa um vírus de transmissão sexual a ambos os sexos, e os meninos são imunizados também, cresce muito a proteção das meninas. Além disso elas também são estimuladas a irem se vacinar.


Menos de 50% das meninas tomaram as 2 doses da vacina contra HPV em 3 anos de imunização

Kfouri ressalta que a vacinação irá prevenir doenças também causadas pelo HPV no sexo masculino, como câncer de pênis, de ânus, de boca e de faringe. Dados da SBIm mostram que 90% dos casos de câncer de ânus são causados pelo HPV. Nos casos de câncer de boca, 75% são consequência do HPV, sendo que, no Brasil, surgem 20 mil casos de câncer de boca por ano. Nos casos de câncer de pênis, o índice por HPV chega a 65%. Além de trabalhar pela prevenção destas doenças, a vacinação em meninos, segundo o médico, irá reduzir significativamente a incidência do vírus de uma maneira geral, já que a população imunizada estará cada vez maior.


— Existe o ganho adicional para a prevenção das meninas, além da prevenção das doenças no sexo masculino. É uma estratégia que está se mostrando mais eficaz quando se associa ambos os sexos em um programa de vacinação.

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A imunização pode ocorrer, em clínicas particulares, também para pessoas fora da faixa etária determinada pelo SUS e que já iniciaram a vida sexual. O custo de cada dose é de cerca de R$ 350,00. Para quem já iniciou a vida sexual e teve contato com o vírus, a vacina terá a mesma eficácia se a pessoa receber uma terceira dose, meses depois, já que as duas apenas podem não ser suficientes. Isto porque a vacina na rede pública é direcionada a idades em que, segundo estudos, os pré-adolescentes ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, ainda não foram expostos ao HPV, o que potencializa o poder de imunização.

O Brasil é a primeira nação da América do Sul a incluir a vacina para meninos dentro do calendário da rede pública. A iniciativa também foi implantada nos Estados Unidos, Israel, Áustria, Austrália, Porto Rico e Panamá. Na Austrália, casos de verruga genitais foram praticamente zerados em função da vacina.

Vacina protege contra lesões 

Dados publicados nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá apontam redução das lesões "chamadas pré-cancerosas, tratadas antes de virar câncer, precursoras do câncer", explicou Kfouri. Porém, segundo o médico, devido à lenta evolução do câncer de colo de útero e de outros tumores relativos ao vírus, ainda não há estatísticas que apontem uma diminuição da incidência dessas doenças por causa da vacina, descoberta apenas há cerca de 10 anos.

— Certamente daqui a algumas décadas vamos observar uma grande redução dos casos de câncer de colo de útero [por causa do imunizante]. 

HPV é vírus muito comum

Bastante frequente e presente em cerca de 80% dos indivíduos com vida sexual, o HPV é um vírus que tem potencial para causar doenças em ambos os sexos. A vacina distribuída no SUS é quadrivalente, protegendo contra quatro tipos de HPV: o 6, o 11, o 16 e o 18. O vírus tem mais de 100 variações. A grande maioria não traz prejuízos à saúde.

No caso da vacina, os tipos 6 e 11 estão ligados ao surgimento de verrugas genitais em 90% dos casos. Já os 16 e 18 se relacionam a 70% dos casos de câncer de órgãos genitais como colo de útero, vulva, vagina e pênis. Kfouri conta que o HPV é um vírus independente, assim como outros, como o da gripe, da hepatite e Aids. A contaminação pode até ser feita pelo contato de pele, mas a grande maioria dos casos é decorrente de relações sexuais.

— A transmissão se dá de pessoa para pessoa, quase exclusivamente por contato sexual. O HPV é um vírus que predominantemente ataca mucosas, por isso causa câncer na boca, faringe, vagina, ânus e outros órgãos genitais.

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Por uma decisão estratégica, vinculada aos custos e às doses disponíveis, tendo também como referências a Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Ministério da Saúde estipulou as idades a serem incluídas na vacinação. As doses foram adquiridas por R$ 288,4 milhões e durante 2017 deverão imunizar pelo menos 3,6 milhões de meninos.

Assim como em relação às meninas, a faixa etária será ampliada gradativamente até 2018 para alcançar um universo maior de crianças próximas de iniciar a vida sexual. Em 2018, os meninos vacinados deverão ter entre 11 e 12 e, em 2019, entre 9 a 11 para que, até 2020, praticamente todo o universo masculino de adolescentes esteja imunizado. Para a imunização, são necessárias duas doses, em um prazo de seis meses entre uma e outra.

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