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Com transtorno borderline, Monique Evans desabafa: "Antes de me cortar, batia muito no meu rosto"

Modelo explica que hábito de se mutilar acontece porque "a dor é muito forte"

Saúde|Marcella Franco, do R7

Monique Evans (esquerda) e a filha, Bárbara Evans
Monique Evans (esquerda) e a filha, Bárbara Evans Monique Evans (esquerda) e a filha, Bárbara Evans

Foi só depois da segunda internação em uma clínica psiquiátrica, em agosto de 2014, que Monique Evans recebeu um diagnóstico certeiro da doença que a acompanhou por toda a vida: transtorno de personalidade borderline.

Até então, a modelo já havia sido medicada para males como depressão e DDA (distúrbio do déficit de atenção), mas, por não acertarem o foco exato do problema, não conseguiam tratar o sofrimento que acompanhou Monique por seus 58 anos.

Da juventude até hoje, ela conta que já tentou se matar várias vezes — a última delas, por ingestão de grande quantidade de calmantes, a levou à primeira estada na clínica, em outubro de 2013.

Mãe de dois filhos, Bárbara Evans e Pedro Aguinaga, Monique explica que um de seus momentos mais complicados como uma borderline foi ver os filhos saírem de casa. É que, como se sabe, a principal característica do transtorno é o pânico do abandono e da rejeição.

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Amor descontrolado: transtorno borderline provoca explosões de raiva e baixa autoestima

Leia agora o depoimento da modelo sobre a doença.

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"Desde pequena, sempre me achei feia. Virei modelo por conta disso. Eu chorava muito e dizia para minha mãe que queria ser gorda e baixa. Eu era muito alta, sempre fui a última da fila do colégio. Eu tentava tocar violão, e a professora chamava minha mãe dizendo que eu chorava muito durante as aulas, que eu me achava feia. Sempre me senti muito insegura. Acabei virando uma personagem de mim mesma: uma mulher forte, que falava tudo que vinha à cabeça, que era o oposto de mim. Convivi com a outra Monique que nem eu mesma conhecia.

Foi só há pouco tempo que descobri que o que eu tinha, e que sempre achei que fosse depressão, é na verdade borderline. Os médicos chegaram a esta conclusão quando fui internada pela primeira vez.

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Sempre tive crises, sempre lutei sozinha contra isso. Ninguém acreditava que eu tivesse alguma coisa, achavam que eu não tinha nada. É muito ruim. Só foram acreditar mesmo depois que me internei. Lá no hospital, a psiquiatra explicou tudo para mim e para minha família. Agora, sim, tenho todo mundo ao meu lado me ajudando no tratamento.

A parte mais chata da doença é não saber o que vai acontecer no dia seguinte. Não saber se você vai acordar bem, ou se vai acordar triste. Isto é o que me faz mais mal.

Até tive alguns episódios de me cortar. Quando a dor é muito forte, a gente quer diminuí-la passando para o corpo. Antes de me cortar, eu batia muito no meu rosto. Quando brigava com alguém, eu me batia dizendo que eu era a culpada. Aí depois eu ficava um tempo mal, sem vontade de fazer nada.

Essa sensação me acompanha desde que eu era pequenininha. Meu pai dizia, quando eu estava muito eufórica, que eu certamente ia chorar depois. Tudo piorou na adolescência, por causa dos hormônios, e depois na menopausa. Recentemente, eu já estava me escondendo para mudar de roupa, apagando a luz para não me ver. Fora que irrita muito o que os outros falam, 'ah, mas você é tão bonita!'. Você escuta tanto isso, as pessoas não têm noção. Acaba irritando.

O medo do abandono foi piorando com a idade. Quando os filhos vão embora, você se sente muito sozinha.

Sinceramente, não sei no que adianta a terapia. Às vezes confesso que dou uma desistida. Mas, como sei que é o melhor para mim, tenho que acreditar e seguir em frente."

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