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Diálogo é principal ferramenta da família em luta contra o crack: 'Atacar nunca resolve'

Segundo especialistas, vício precisa ser visto e tratado como doença

Saúde|Do R7*

Tratamento de crack exige combate a achismos
Tratamento de crack exige combate a achismos Tratamento de crack exige combate a achismos

Muitas vezes vistos como um caso de vergonha para a família, os usuários de drogas são reprimidos, não recebem atenção devida e, em muitos casos, são até abandonados pelos entes queridos. Porém, de acordo com especialistas ouvidos pelo R7, o diálogo é a principal ferramenta e a mais eficaz na luta do dependente contra o vício. 

O psiquiatra Mario Louzã, do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) explica que nas terapias coletivas é perceptível o tom agressivo que a família trata o dependente.

— Quando a família está sozinha, ela diz que o parente é um coitado, mas quando ele [paciente] entra na sala, ela muda o comportamento para um tom mais agressivo. A gente precisa ter em mente que atacar nunca resolve. Essa questão do estigma precisa ser muito combatida. Muitas vezes as pessoas não estão lá porque querem, mas porque foram jogadas ali por causa de uma adversidade social.

Em alguns casos até a própria família precisa passar por orientações ou, inclusive, fazer consultas terapêuticas para saber como elas devem lidar com situações mais delicadas da recuperação, complementa o psiquiatra Dartiu Xavier, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Proad (Programa de Orientação e Assistência a Dependentes).

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— Tanto o paciente quanto a família precisam abandonar a visão moralista sobre as drogas. Estar dependente de uma substância não se trata de uma falha moral, mas de uma doença a ser tratada.

Como identificar se a pessoa está viciada?

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Independentemente da substância que uma pessoa seja viciada, a forma que a família pode identificar um vício é prestar atenção se há o comprometimento de atividades cotidianas que eram realizadas normalmente antes, diz o professor da Unifesp.

— Os parentes devem procurar ajuda quando o paciente manifesta problemas decorrentes deste uso, como, por exemplo, não conseguir controlar a quantidade consumida ou o aumento da frequência de consumo, quando ele negligencia obrigações em decorrência do uso (trabalho ou estudos) ou se há o desinteresse por amigos ou companheiros, preferindo ficar consumindo a substância.

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Crack em São Paulo é adulterado com substâncias que podem causar câncer, necrose e problemas cardíacos

Além disso, o psiquiatra Louzã afirma que muitos dos sinais também podem ser percebidos na própria aparência do paciente.

— Diferente de outras drogas, o paciente dependente de crack usa ele por um período muito longo, que pode chegar a um espaço de tempo de dois a três dias seguidos. Em muitos casos, a vítima fica fora de casa por vários e costuma se enfiar em hotéis para ficar só consumindo as drogas. Assim, as características que ficam nítidas rapidamente são a perda de peso e uma aparência bastante abatida.

Deixe de lado os preconceitos

O mais importante é que para lidar com o vício de um parente por crack é superar principalmente os achismos que cercam esse assunto, diz Louzã.

— O que a gente sempre precisa fazer é trazer essa discussão para o plano científico, deixar muitos preconceitos de lado e encarar como uma doença, na verdade. Às vezes o fator econômico influência bastante, mas nós precisamos lidar com isso de forma mais racional e não a base de achismos.

*Caíque Alencar, do R7

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