-
Se por um lado o sol é fonte de vitamina D — nutriente essencial para fortalecer os ossos —, por outro os raios UVA e UVB são os principais vilões da pele. No entanto, na estação mais quente do ano (e, para alguns, também a mais feliz) é praticamente impossível fugir dos raios solares.
Dessa forma, a solução é lançar mão do protetor solar. Mas qual é o melhor fator para a sua pele? A versão em spray funciona? Quando devo reaplicar o produto? Quem responde a essas e outras perguntas são as dermatologistas Carolina Marçon e Flávia Addor. Confira a seguir!
Texto e entrevista: Fabiana Grillo, do R7Getty Images
-
Acima do FPS 30 todos os protetores solares são iguais.
Mito. O filtro solar deve ser escolhido considerando a tonalidade e o tipo de pele de cada um. Quanto mais clara ela for, maior deve ser o fator de proteção. Em geral, a recomendação dos médicos é usar no mínimo o FPS 30, explica a dermatologista Carolina Marçon, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e da Academia Americana de Dermatologia.
— Um filtro FPS 30, por exemplo, significa que a pessoa levará 30 vezes mais tempo para ficar vermelha do que se não tivesse aplicado o produto. Assim, ela está 30 vezes mais protegida do que se estivesse sem nadaThinkstock
-
O protetor solar demora 30 minutos para começar a fazer efeito.
Verdade. O filtro solar precisa ser aplicado cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol em todas as áreas que ficarem expostas, avisa Carolina.
— O produto deve ser espalhado generosamente pelo corpo. A quantidade utilizada varia conforme a constituição física de cada pessoa, mas o FDA estabeleceu o mínimo de 2 g/cm² do produto por cada centímetro quadrado do corpo.
Em termos práticos, isso significa usar uma colher de chá no rosto e no pescoço; uma colher de sopa na parte dianteira e outra na parte traseira do tronco; uma colher de sopa para ambos os braços e outra para as duas pernas -
O protetor solar facial e do corpo devem ter o mesmo fator de proteção.
Nem sempre. No rosto, o ideal é usar protetor solar FPS 30 ou mais. Além disso, a dermatologista da SBD alerta que outro ponto importante é se atentar para a proteção contra a radiação UVA, que não causa queimaduras, mas é a principal responsável pelo envelhecimento da pele e também pode causar câncer.
— Os produtos que contêm este tipo de proteção vêm com a sigla PPD, que deve apresentar valor acima de dez.
Mesmo no rosto, o protetor deve ser reaplicado a cada duas horas, sendo os “cremes mais indicados para a pele seca”.
— Já quem tem pele oleosa, deve optar pelos géis, gel-cremes, cremes oil-free e loções. Os bastões são mais indicados para a região dos olhos e lábiosGetty Images
-
O protetor solar sai na água ou com o suor.
Verdade. A reaplicação do produto em quantidade suficiente para deixar uma camada espessa garante a proteção solar adequada, especialmente após entrar na água ou suar excessivamente, avisa Carolina.
— No entanto, o ideal é espalhar o protetor 30 minutos antes da exposição solar, repetir o procedimento após 20 ou 30 minutos e depois disso reaplicar o produto a cada duas horasThinkstock
-
Pessoas que trabalham em ambiente fechado, não precisam usar protetor solar diariamente.
Mito. O protetor solar precisa ser aplicado diariamente, mesmo quando se trabalha em escritório ou o clima está frio, nublado ou chuvoso. Mesmo nessas circunstâncias, 80% dos raios solares conseguem ultrapassar as nuvens e atingir a superfície.
Segundo Carolina, “o ideal é que o produto seja aplicado pela manhã e reaplicado na hora do almoço e no meio da tarde”. Para as mulheres que usam maquiagem, a especialista explica que ela pode ser feita após a aplicação do protetor solar, uma vez que “atua como barreira física, auxiliando na fotoproteção, além de dar uma aparência mais saudável”Getty Images
-
As radiações UVA e UVB são prejudiciais à pele.
Verdade. Carolina explica que a radiação UVA — cuja intensidade pouco varia ao longo do dia — penetra profundamente na pele e aumenta o risco de câncer e envelhecimento. Já a radiação UVB — mais intensa no verão e no período entre 10h e 16h — atinge a pele superficialmente e provoca queimaduras e vermelhidão e é a principal responsável pelo aparecimento do câncer de pele.
— Como o FPS refere-se apenas ao grau de proteção contra a radiação UVB e ainda não existe consenso para classificar a proteção contra a radiação UVA, o ideal é optar por produtos que informem na embalagem proteção máxima contra ambas (proteção de amplo espectro)Thinkstock
-
Cremes, bases ou tonalizantes com filtro solar substituem o protetor solar.
Verdade. Usuárias habituais de maquiagens ou hidratantes com filtro solar precisam ficar atentas quanto a real efetividade dos produtos, porque nem sempre eles apresentam proteção suficiente, alerta a dermatologista da SBD.
— O ideal é apostar em produtos de beleza com FPS acima de 30, mas são mais difíceis de encontrar.
As bases, tonalizantes e pó compacto são confiáveis, desde que contenham filtros solares com fatores de proteção solar adequados, de boa qualidade e que tenham sido submetidos a testes dermatológicosThinkstock
-
Bebês e crianças só devem usar o protetor infantil.
Verdade. Como a pele dos bebês é mais sensível, o mercado disponibiliza filtros solares específicos para crianças a partir dos seis meses de idade.
Os sprays são, por vezes, os preferidos pelos pais, uma vez que são práticos e fáceis de aplicar nas crianças. No entanto, apesar da facilidade, Carolina orienta “usar a quantidade adequada para cobrir toda a superfície corpórea e cuidado para não deixar os pequenos inalarem esses produtos”.
Mesmo com proteção, é recomendado evitar a exposição solar das 10h às 16h, e usar roupas com protetor solar, bonés e óculos de solGetty Images
-
O protetor solar em spray não funciona.
Mito. A dermatologista Flávia Addor garante que a versão em spray funciona “desde que aplicado adequadamente”.
— Se o usuário tem dificuldade de visualizar a aplicação, pode inicialmente usar o protetor em emulsão [creme] e deixar o spray para as reaplicações ao longo do diaThinkstock
-
É dispensável passar protetor solar na palma das mãos, axilas e sola dos pés.
Mito. O protetor deve ser espalhado em todo o corpo, inclusive nas orelhas, pés e mãos, sempre 30 minutos antes da exposição solar, reforçam as dermatologistas. No entanto, Flávia avisa que “a sola do pé é mais difícil de ser queimada pela espessura epidérmica”.
— Mesmo assim, se a pessoa for ficar deitada no sol, deve passar protetor na sola e em todos os lugares que forem ficar expostosThinkstock
-
É verdade que usar protetor solar impede que o corpo absorva vitamina D.
Em termos. É verdade que há uma eventual redução da absorção de vitamina D quando se usa protetor solar, mas em um país como o Brasil, pode-se dizer que pouco tempo de sol no meio do dia já seria suficiente para o corpo, garante Flávia. No entanto, ela explica que a vitamina D precisa de radiação UVB para a síntese.
— E essa radiação é justamente a maior responsável pelo câncer de pele. Dessa forma, a SBD recomenda a suplementação dessa vitamina, quando o médico avaliar a necessidadeGetty Images
-
Não usar protetor solar diariamente causa câncer de pele.
Verdade. Segundo Flávia, o uso diário de protetor solar pode reduzir em até 85% as chances de uma pessoa desenvolver câncer de pele — considerado o tumor de maior incidência no Brasil. Por isso, “os cuidados com a pele devem começar na infância, a partir dos seis meses”Getty Images