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Governo quer aplicação de vacina de HPV nas escolas para reverter baixa procura de adolescentes 

Até agosto deste ano, apenas 50% do público-alvo foi imunizado contra vírus que causa câncer

Saúde|Vanessa Sulina, do R7

Diretora do PNI diz que há resistência das escolas em ofertarem vacina
Diretora do PNI diz que há resistência das escolas em ofertarem vacina

Após a queda no número de adolescentes vacinadas contra o HPV, o governo federal reforçará em campanha a importância de as escolas voltarem a oferecer a vacina. No ano passado, quando começou a imunização contra o vírus, a adesão à primeira dose foi total, já na segunda, o número de meninas imunizadas foi de apenas 60%. Em 2015, apenas 49% do público-alvo tomou a primeira dose até agosto.

De acordo com a coordenadora-geral do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Carla Domigues, uma das explicações para essa baixa procura é a falta de adesão das escolas, que deixaram de ofertar a vacina, com o passar do tempo.

— Há uma resistência nas escolas em aceitar a vacinação, pois acreditam que vai atrapalha a rotina delas, que elas não têm infraestrutura, que tem que perder um dia de aula. Precisamos levar a vacinação de volta para as escolas para ampliar a vacinação, lembrando que adolescentes agem em conjunto. Se um amigo toma, a adolescente não vai deixar de tomar. Outra coisa, não dá para esperar que a mãe leve sua filha adolescente até o posto.

Carla ainda destaca que o Ministério da Saúde apenas recomenda aos municípios o oferecimento do imunizante nas escolas, mas essa decisão é exclusivamente da gestão municipal.


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O Estado de São Paulo reflete a mesma situação nacional. A diretora técnica da divisão de imunização da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Helena Sato, disse que a “prática de vacinação nas escolas foi se perdendo” com o tempo.


Segundo a diretora, de março a abril do ano passado, a vacinação atingiu 100% do público-alvo em São Paulo. Em setembro de 2014, apenas 68% tomaram a segunda dose. Em março de 2015, houve apenas 54% de adesão.

Além da falta de adesão das escolas, Helena também atribuiu a baixa procura, após a divulgação nas redes sociais de supostos malefícios da vacinação, como a repercussão do caso de adolescentes do litoral paulista que desmaiaram e tiveram as pernas paralisadas após tomarem a vacina em setembro de 2014.


— Elas não tiveram nenhuma alteração orgânica, inclusive neurológica. Nós fizemos toda investigação, inclusive com ajuda de psiquiatras. O que elas tiveram é estresse pós-vacinação comum em adolescentes e podem ocorrer com qualquer vacina.

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De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, houve 2.195 efeitos adversos notificados. Dos 71 considerados graves, 40 tiveram a relação com a vacina descartada. Os outros casos foram relacionados à síndrome dolorosa complexa regional, alergia e reações de ansiedade.

Neste ano, a secretária explica que a campanha será realizada em “setembro, outubro e, se precisar, novembro”.

— Estamos em contato com as escolas e com as diretorias regionais de ensino para tentar aumentar a adesão das escolas que oferecerão a vacinação. Não podemos ficar com baixa cobertura.

A infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas Rosana Richtmann afirma que estudos internacionais mostram que levar a vacina à escola melhora a cobertura vacinal.

— Países que melhor conseguiram a cobertura levaram a vacina para as escolas. Lembrando que é muito difícil vacinar adolescentes, porque é próprio da idade.

De acordo com a especialista, quanto maior a cobertura, maior a eficácia da vacina.

— Países com mais de 50% de cobertura tem efetividade mais rápida. Já é possível ver resultado um ou dois anos depois.

As vacinas tanto da primeira como a segunda dose estão disponíveis nos postos de saúde do País para durante todo o ano para meninas entre 9 e 13 anos. O esquema padrão é de três doses. A segunda deve ser tomada seis meses após a primeira e a terceira depois de 60 meses. Além delas, podem receber gratuitamente todas as mulheres que tenham HIV entre 9 e 26 anos.

Veja o que causa o HPV

O vírus do HPV é transmitido por meio do contato sexual e responsável pela quase totalidade dos casos de câncer de colo do útero. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), esse é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama, e a terceira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, atrás do câncer de mama e pulmão. No País, 15 mil novos casos do câncer de colo de útero até o fim de 2015.

A vacina disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) é quadrivalente, ou seja, ela protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18. Os tipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos cânceres de colo de útero e 90% das verrugas genitais, explica Gabriel Oselka, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

— O ideal é que as meninas sejam vacinadas o mais precocemente possível, antes da atividade sexual. Quanto mais novo, melhor a resposta imune.

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