Meninas que tomaram 1ª dose da vacina contra HPV devem procurar postos de saúde para reforço
Imunizante contra HPV está disponível em todo o País durante o ano inteiro
Saúde|Do R7
Meninas entre 9 e 11 anos de idade que já tomaram a primeira dose da vacina contra o HPV (papiloma vírus humano) devem retornar aos postos de saúde para receber a segunda dose. O imunizante protege contra dois subtipos de HPV, doença responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero e a terceira causa de morte de mulheres no Brasil.
A vacina contra HPV está disponível nas 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo país durante o ano inteiro. As vacinas tanto da primeira como a segunda dose estão disponíveis nos postos de saúde do País para durante todo o ano para meninas entre 9 e 13 anos. O esquema padrão é de três doses. A segunda deve ser tomada seis meses após a primeira e a terceira depois de 60 meses. Além delas, podem receber gratuitamente todas as mulheres que tenham HIV entre 9 e 26 anos.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, até agosto, apenas 50,4% do público-alvo, formado por 4,9 milhões de meninas nessa faixa-etária foram vacinadas. Em 2014, quando a vacina foi disponibilizada no SUS (Sistema Único de Saúde), 100% do público estimado foi vacinado com a primeira dose, alcançando cinco milhões de meninas de 11 a 13 anos. Porém, só 3 milhões destas meninas procuraram uma unidade de saúde para tomar a segunda dose, o que representa 60%.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (9) para apresentar mobilização nacional para a vacinação contra o HPV, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, chamou atenção para a importância da imunização.
— Apesar do grande sucesso obtido na cobertura vacinal em 2014, neste ano os números ficaram abaixo do esperado. Por isso, o Ministério da Saúde convoca os pais, responsáveis, gestores locais, professores e toda a sociedade para divulgar a informação de que a vacina é segura e eficaz.
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Segundo Chioro, além de todas as medidas tradicionais de prevenção do câncer de colo do útero — que não devem ser deixadas de lado – com a vacina, “o Brasil tem a possibilidade de escrever uma nova história na geração futura das mulheres livres do câncer do colo do útero”.
O ministro citou países que implantaram a vacina há, pelo menos quatro anos, com resultados impactantes.
— Nos Estados Unidos, por exemplo, houve 68% de redução nos casos de HPV dos subtipos 16 e 18, que são responsáveis pelo câncer do colo do útero. Já na Austrália, que implantou a vacina em 2007, os casos de verrugas genitais reduziram de 18,4% para 1,1% nas mulheres de até 21 anos. Esses são exemplos de que a vacina é segura e pode mudar a saúde das próximas gerações de mulheres.
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, “vacinar as meninas de nove anos não vai apresentar resultado imediato, mas será muito importante daqui a 20 ou 30 anos”.
Isabela explicou que eventos adversos são comuns em qualquer vacina e não devem ser um impeditivo para a proteção das meninas.
— Ela é totalmente segura e está licenciada no mundo desde 2006.
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O vírus do HPV é transmitido por meio do contato sexual e responsável pela quase totalidade dos casos de câncer de colo do útero. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), esse é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama, e a terceira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, atrás do câncer de mama e pulmão. No País, 15 mil novos casos do câncer de colo de útero até o fim de 2015.
A vacina disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) é quadrivalente, ou seja, ela protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18. Os tipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos cânceres de colo de útero e 90% das verrugas genitais, explica Gabriel Oselka, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
— O ideal é que as meninas sejam vacinadas o mais precocemente possível, antes da atividade sexual. Quanto mais novo, melhor a resposta imune.